Gledson Vinícius: Por um Planetário de Encantamentos
A fundação nesse pouco tempo, depois de muito abandono, vai arrumando a casa, implementando metodologias inovadoras e se tornando um dínamo de boas novas
Por Gledson Vinícius*
Quem diria, mas, enquanto a Via Láctea, como um pálio aberto, cintila no poema de Olavo Bilac, o Planetário da Rio, sob nova gestão, distribui vacinas em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Essa ação, ponte incomum com a SMS, faz parte de uma concepção inédita entre os gestores da Prefeitura do Rio, que percebem ativos em tempo de escassez e amplificam a função dos equipamentos da cidade. Sobre essa perspectiva, meus caros, o céu é o limite.
É importante dizer, contudo, que esse equipamento que passou os últimos anos invisibilizado, não abre mão de ser luneta, e continua defendendo o óbvio nesses tempos de terraplanismo e negacionismo: impactando as pessoas com estrelas e metafísica. Ou seja, a casa, que foi fundada em 1970 (um ano depois do homem pisar na lua) para difundir a Ciência, a Astronomia e a Cultura, segue cumprindo sua sina: sendo ferramenta com seu Museu do Universo e suas duas cúpulas que estão abertas ao público com todas as regras de ouro rigorosamente implementadas.
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Para além da parceria pontual com a SMS, a Fundação Planetário do Rio nesse pouco tempo, depois de muito abandono, vai arrumando a casa, implementando metodologias inovadoras e se tornando um dínamo de boas novas. Reabriu sua área externa, que conta com parquinho infantil e área verde, desenhou ações para atender a parcela da população em situação de vulnerabilidade social, como o acesso gratuito todas às terças-feiras que já será uma realidade no próximo mês e a disponibilização de ônibus para o translado desse público.
Além disso, finalizou a organização de novas sessões de cúpula que serão apresentadas em março, já tem data para reabrir sua biblioteca e está construindo parcerias com outros museus, centros acadêmicos e veículos de comunicação.
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Contudo, muito ainda há de ser feito para colocar esse equipamento cultural em sua órbita natural de relevância e protagonismo na cidade, no país e, por que não, no mundo. Os próximos passos serão nessa direção: buscar recursos e meios para revitalizar a cúpula Carl Sagan - que sofre com sérios descolamentos das placas de concreto que a revestem, estando sujeita à infiltrações - repensar toda a oferta de atividades culturais do Museu do Universo e de suas duas cúpulas e colocar em perspectiva todo o potencial turístico desse equipamento.
É chegada a hora de reinventar a experiência que essa casa propõe e oferecer encantamento no Planetário do Rio. Para fazer isso acontecer, toda energia da nova gestão será direcionada para consolidar a ideia de que o visitante é a razão de ser do Planetário, para mudar a mentalidade da gestão pública com novas metodologias tendo o afeto como norte, afinal como diz o Príncipe dos Poetas, só quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e de entender estrelas.
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É presidente da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro