Às vésperas de completar um ano, talvez a mais longa fase de mudanças contínuas experimentadas pelas empresas no século XXI, ainda é impossível ver a luz no fim do túnel. Ou seja, ainda permaneceremos em transição por um bom período
Por André Esteves*
As diversas transformações impostas pela pandemia ao mercado de trabalho exigiram uma agilidade fundamental na capacidade de adaptação às mudanças, bem como na necessidade de se reinventar. Primeiro, por uma questão de sobrevivência imediata. Em seguida, para permanecer sustentável e competitivo neste contexto. Isso vale tanto para as organizações quanto para os colaboradores. Essa nova dinâmica organizacional revela competências e habilidades indispensáveis.
Às vésperas de completar um ano, talvez a mais longa fase de mudanças contínuas experimentadas pelas empresas no século XXI, ainda é impossível ver a luz no fim do túnel. Ou seja, ainda permaneceremos em transição por um bom período. E o que isso quer dizer exatamente? Simples. Que elas continuarão ocorrendo e que o nível de competitividade continuará crescendo. Seguiremos testando opções e recursos de forma permanente. A questão essencial é como manter a relevância diante deste cenário, conciliando metas, objetivos e propósitos.
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Diante da certeza de que essas transformações serão cada vez mais rápidas, é necessário que a sociedade se abra, criando e aceitando as novas dinâmicas de trabalho e estimulando o desenvolvimento das competências para a evolução das organizações e dos profissionais. As empresas, por sua vez, precisam priorizar a inovação, valorizar o ambiente colaborativo, rever seus paradigmas, incentivar a inclusão e a diversidade e manter boa reputação interna e externa. Pesquisa recente, realizada pela FRST Falconi, revela que apenas 44% das empresas se sentem prontas para o futuro mercado de trabalho. Temos um longo caminho a percorrer.
Quanto aos profissionais, a empregabilidade continua sendo um desafio extra. É fundamental refletir e ampliar as opções de carreira em linha com seus propósitos de vida, fomentando o desenvolvimento de outras habilidades. A pesquisa identificou as principais competências desejadas pelos profissionais: inteligência emocional; liderança; capacidade de solucionar problemas complexos, de colaboração e de inovação; além da flexibilidade cognitiva, a famosa capacidade de “pensar fora da caixa”.
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O atual ecossistema profissional prioriza as qualidades essencialmente humanas. Segundo o relatório Future of Jobs 2020, do Fórum Econômico Mundial, “metade de todos os trabalhadores do mundo precisará de requalificação até 2025. Entre as quinze habilidades mais requisitadas pelo mercado de trabalho do futuro, estão competências técnicas, como programação e experiência de usuário, e habilidades socioemocionais, como criatividade, pensamento analítico e inteligência emocional”.
Isto significa ao mesmo tempo um desafio, devido à crise econômica causada pela pandemia, que reduz a capacidade de investimento das empresas em capacitação; e uma oportunidade porque coloca um nível de prioridade nunca visto em relação à requalificação da equipe.
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*É diretor executivo do Instituto Cyclus e professor universitário