Adolfo Konder presidente do Detran - divulgação
Adolfo Konder presidente do Detrandivulgação
Por Adolfo Konder*
A violência no trânsito é, sim, um assunto de saúde pública no Brasil, tamanha a quantidade de acidentados com sequelas permanentes ou vítimas fatais. Por isso, às vésperas do período de férias, venho insistir na necessidade de conscientização da população. São pequenos atos que salvam vidas, tal como o já popularizado uso da máscara na pandemia. São coisinhas óbvias que fazem toda a diferença, mas que muitas vezes acabam ignoradas: não falar ou teclar o celular ao dirigir, utilizar o cinto de segurança ou se esquecer de dar a seta.

E por que bater nesta tecla novamente? Porque os números gritam este ano. Levantamento do Detran sobre o trânsito no estado mostra que, no início da pandemia, comemoramos a queda do número de vítimas. E, sim, havia muito a se comemorar: em março deste ano, foram 40,5% menos vítimas do que em março de 2019. Em abril, 69,5% menos acidentados do que em abril de 2019 e, em maio, 66,8% menos feridos e mortos do que no mesmo mês do ano passado. Todos ficamos felizes com tamanha redução.

No entanto, o viés de queda vertiginosa se modificou em agosto, setembro e outubro. Comparada aos mesmos meses de 2019, a queda foi de 28,2%, 26,4% e 21,3%, respectivamente. Ou seja, muito abaixo do patamar de até então.

Assim como na pandemia, temos que frisar que toda ação impacta no trânsito e no próximo. Não dá para imaginar que eu posso ser um pouquinho irresponsável e dirigir alegrinho. Que posso andar com pneu careca. E o impacto se dá muitas vezes na nossa própria família, quando usamos nosso carro para levá-los e trazê-los das festas ou encontros de família, como deverá ser o Natal e o réveillon, ainda que reduzidos na pandemia.

A todo instante, temos que estar atentos. Não podemos nos descuidar. No Estado do Rio, são cerca de 7,5 milhões de veículos. Ou seja, 7,5 milhões de meios para se chegar bem ao destino ou não. E eles interagem com os mais de 17 milhões de fluminenses.
Este quadro é o exato retrato da responsabilidade de quem conduz um veículo e interage, não somente com outros veículos, mas com o pedestre e o ciclista, o skatista e todos os que circulam pelas ruas. Nessa gigantesca teia, há um emaranhado de pessoas que também precisam colaborar com os motoristas. Precisamos tomar as rédeas da responsabilidade individual e cidadã. Olhar com atenção para a própria ação.

E como mudar a realidade de cinco mortes por dia ocorridas no trânsito do estado em 2019? Pequenos atos e a prática da direção defensiva. A decisão está em nossas mãos. Mais do que nunca, percebemos a importância de mudar os hábitos para ter um 2021 melhor, incluindo o trânsito.
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*É presidente do Detran-RJ