Enquanto escrevo esse texto, ultrapassamos 180 mil mortos no país pelo coronavírus. Aqui no Rio já são mais de 23 mil mortos pela doença. Famílias despedaças não só pela gravidade da doença, mas também pela omissão política que parte do Palácio do Planalto e invade nossos lares.
Países em vários continentes, principalmente aqui da América Latina, já possuem seus estoques de vacina garantidos, assim como estratégias claras de imunização. Argentina, por exemplo, dará início ao processo de vacinação neste mês, indo até janeiro, com meta de proteger pelo menos 300 mil pessoas até o Reveillon. E aqui? Bom, aqui no improviso de um comando perdido e permanentemente desautorizado, não temos seringas sequer compradas. Isso mesmo: seringas!
O desastre da política de Saúde fica evidente a cada dia que passa e as manchetes aparecem. O próprio setor produtivo nacional chegou a anunciar que procurou Bolsonaro em junho para debater os armazenamentos do insumo primordial de aplicação da vacina. E a resposta? Nenhuma. Inoperância.
E aqui o colapso já é evidente, novamente, desde o início da pandemia. Após semanas de queda da curva, as filas por leito de covid-19 se agigantaram de repente. Pelo menos 500 pessoas aguardam vagas enquanto a doença se espalha (pelo menos metade da fila são de pessoas à espera de leito de UTI, em que o caso é gravíssimo). E para somar, aqui no Rio, profissionais de Saúde sem remuneração e em péssimas condições de trabalho.
Não há saída sem uma política estratégica de imunização clara e pública, envolvendo setor produtivo nacional, de aviação, logística, prefeitos, governadores e gestores do setor filantrópico e privado. O ministério da Saúde observa da Esplanada o caos que toma conta do nosso país. O Planalto, por sua vez, mergulhado num lamaçal de negacionismo e politização perversa. Em vez de apelar à ciência, recorre às fake news, às declarações desastradas e à politização da pandemia e da vacina.
Aprovamos no Congresso Nacional, em maio, a Lei 14.006. Ela faz com que a Anvisa, diante do registro de um produto em uma das cinco agencias internacionais, incluídas as agências dos EUA, Japão e China, deve se posicionar em 72 horas. Portanto, a nossa agência reguladora, como instituição de Estado, assim que provocada, não pode atrasar o processo de registro. Seu corpo técnico tem expertise para emergencialmente garantir a autorização das vacinas com aprovação científica internacional.
Agora, mais do que nunca, é Ciência acima de tudo, Vacina para todos. Basta de omissão, improviso e desrespeito! Basta de mortes. Queremos vida!