Luanda Botelho. Coordenadores do Sindicato Nacional de Trabalhadores do IBGE - Núcleo da Avenida Chile. - divulgação
Luanda Botelho. Coordenadores do Sindicato Nacional de Trabalhadores do IBGE - Núcleo da Avenida Chile.divulgação
Por Luanda Botelho
O mundo ainda conviverá com os efeitos socioeconômicos da pandemia durante um longo período, mesmo que a tão aguardada vacina contra a covid-19 esteja próxima de se tornar realidade. No Brasil, o processo será particularmente desafiador, em virtude da perspectiva de um panorama sem precedentes na apuração, identificação e constatação do aumento da histórica desigualdade social do país.

Para que os recursos destinados às políticas públicas de mitigação sejam utilizados de forma efetiva, é imprescindível a disponibilidade de dados estatísticos atualizados e relevantes. Isso torna ainda mais urgente a realização do Censo Demográfico 2021, cuja preparação vem sendo prejudicada desde antes da pandemia, em virtude de cortes orçamentários no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo programa.

O contingenciamento de recursos anunciado pelo Ministério da Economia, no ano passado, veio acompanhado de mudanças significativas no formato da pesquisa, que sofreu uma redução drástica de temas abordados no questionário a ser aplicado. Alguns deles diretamente afetados pela pandemia, como renda, imigração, tempo de deslocamento para o trabalho, gastos com aluguel e posse de bens.

O adiamento do Censo Demográfico para 2021, embora necessário e inevitável, provocou uma interrupção no processo de planejamento com graves consequências de natureza operacional. Os desafios a serem superados pelo programa no contexto da covid-19 tornam-se ainda mais complexos quando levado em consideração o contingente de 200 mil recenseadores envolvidos no programa.

A defesa do corte orçamentário no Censo 2021 em nome do rigor com gestão de recursos não faz sentido e chega a ser contraditória, uma vez que atinge um programa que tem na sua essência fornecer subsídios na aplicação dos recursos gerados a partir dos impostos pagos pelos contribuintes, em seu próprio benefício. A quem realmente interessa o “apagão” estatístico?
*Coordenadores do Sindicato Nacional de Trabalhadores do IBGE - Núcleo da Avenida Chile
Publicidade