Babalawô Ivanir dos Santos - Divulgação
Babalawô Ivanir dos SantosDivulgação
Por Ivanir dos Santos*
A pandemia da covid-19 chegou e nos pegou! Escancarando as mazelas brasileiras, o coronavírus evidenciou os abismos sociais que forjam relações e condicionam a nossa população a viver em condições de muita pobreza. Assistimos aos inúmeros desgovernos em torno de uma questão que deveria ser de responsabilidade primária, à saúde da população!
Mas mesmo diante de tudo o que passamos, precisamos ter muita fé e esperança. No dia 30 de novembro fui diagnosticado com coronavírus e, desde então, passei a travar uma intensa e profunda luta contra o vírus e pela minha vida. Uma luta que não foi só minha, mas de todos e todas que estão do nosso lado de forma direta ou indireta. 
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E aqui ressalto a importâncias das equipes - Médica, Enfermagem e Técnico de Enfermagem, Nutricionais e Fisioterapeutas, que mesmo diante de tanta pressão e sobrecarga de trabalho nunca deixaram de agir com cuidado e carinho. E a covid-19 “me pegou” mesmo diante de todos os cuidados possíveis e seguindo todas as recomendações estabelecidas da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Mas como já pontuei, o coronavírus escolhe “corpos” independemente de uma série de fatores sociais, políticos e econômicos. É óbvio, que atingiu e vai continuar a atingir os mais vulneráveis, os menos assistidos pelo poder público! Ele, o vírus, está em todas as partes e inevitavelmente vem se expandindo não apenas pela sua velocidade de contágio, mas também pela falta de responsabilidades e respeito com a vida do outrem. Falta de equidade!

Durante o tempo em que estive internado a fé e esperança, manifestadas em preces, orações, rezas, clamores, manifestações religiosas me fizeram ver o quão importante e necessário fortalecermos o diálogo inter-religioso, a liberdade religiosas, a diversidade e a paridade. Destarte, 2020 terminou e por um bom tempo ainda vamos viver os resquícios do ano que parecia promissor para todos e todas.
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Era o novo emprego, casa nova, o início de uma graduação, a tão sonhada viagem para o exterior. Sonhos extremamente importantes para boa parte das pessoas que vivem com o mínimo no Brasil e precisam projetar os seus sonhos ponto a ponto. Mas as palavras fé e esperança junto com a palavra gratidão confortam o meu coração e me mantêm firme em nossas lutas na certeza de que juntxs podemos transformar as nossas realidades.
*É babalawô e professor-doutor PPGHC/UFRJ e CEAP