Paulo César Régis de Souza, vice-presidente da Anasps - divulgação
Paulo César Régis de Souza, vice-presidente da Anaspsdivulgação
Por Paulo César Régis de Souza*
Com a pandemia ficou muito popular o trabalho em home office. Aparentemente e muito simples, a empresa manda o empregado para casa para cumprir a jornada em home office. Perguntamos: Qual o apoio logístico oferecido aos empregados? 
Os equipamentos serão disponibilizados pelo empregador, tais como, mesa, cadeira adequada (ergonômica), computador? O wi-fi usado será pago pelo empregador? Os cursos, seminários, treinamentos e capacitação serão online e pagos pelo empregador? A produtividade será aferida pelo empregador? Será estabelecido horário para que o empregado fique à disposição do empregador? Estará previsto o acompanhamento de psicólogo, na modalidade online, oferecido pelo empregador, bem como um programa de ginastica laboral, para dar suporte ao empregado que terá a sua casa como o novo ambiente de trabalho? Em contrapartida não haverá preocupação, por parte do empregado, com transporte público ou privado para o deslocamento ao trabalho.
Publicidade
O trabalho presencial existe há séculos. Em ateliers trabalhavam artesãos e artistas, pintores e escultores. A precariedade do trabalho presencial melhorou com a revolução industrial, trabalhadores foram para as fábricas e unidades de comércio e de serviços públicos e privados. A tecnologia trouxe ganhos de produtividade e benefícios aos setores produtivos. Sabemos que o ser humano tem necessidade de relacionamento social com outras pessoas, além de sua família.
No caso dos servidores do INSS que concedem benefícios de prestação única ou de prestação continuada, deve-se ter a preocupação de preservação de privacidade, evitando-se a invasão de segurados ou procuradores, ou ainda de advogados. Trabalhar remotamente e a modalidade do futuro, mas o modelo híbrido e o que melhor se adequa ao momento atual. Hoje e imprescindível o investimento em capacitação dos servidores e gestores/tutores (mesmo a distância), pois esses desenvolverão suas atividades presenciais, inclusive nos novos concursos devera constar a exigência de capacitação para trabalho remoto.
Publicidade
O INSS Digital deve ser revisto e adequado, levando-se em conta que o instituto atende a quase 100 milhões de segurados, sendo 60 milhões contribuintes (não mais por causa do desemprego e subemprego), 35 milhões de beneficiários previdenciários e assistenciais, mais de 5 milhões de empresas (grandes, médias e pequenas). Somos a maior seguradora do país e da América Latina, a única autarquia que não administra o que arrecada e gasta. Essa administração e feita por outros que o fazem mal feito.
Estamos há anos sem concurso público, com a defasagem de 15 mil servidores, numa situação ideal e presencial, dado que o INSS tem um segurado ou beneficiário em cada um dos 5.700 municípios do país, sem falar que em muitos casos há unidades distantes até 100 km da base física. É certo que o atendimento remoto poderá suprir distancias, bastando que a massa de segurados  – não considerados os invisíveis – sejam capacitados para decodificar as mensagens digitais e virtuais. Falta educação e conhecimento e isto não pode ser esquecido. Lidamos com seres humanos e não com botões de ferro, olhos de vidro e cérebro de aço.
Publicidade
É vice-presidente Executivo da Associação Nacional dos Servidores Públicos, da Previdência e da Seguridade Social (Anasps)