OPINA18 segunda feira - ARTE KIKO
OPINA18 segunda feiraARTE KIKO
Por Aristóteles Drummond*
Para ficarmos no mais fácil entendimento, é preciso que os atores da política e a população saibam interpretar o papel dos governantes, dos parlamentares e dos magistrados. Nada resiste a desordem, desde a casa mais humilde do interior às grandes empresas, sociedades e nações. Nós estamos vivendo na desordem, com a cegueira das paixões a agravar as imensas dificuldades.
Os brasileiros privilegiados – servidores públicos em geral, pessoas com recursos financeiros para enfrentar tempos de desemprego, assalariados bem pagos de empresas pouco afetadas – estão tendo um comportamento, mesmo que inconscientemente, egoísta, cruel até, em face das dezenas de milhões que sofrem, no desemprego, na falta de ter o que comer, nas dificuldades no atendimento à Saúde. Nada de positivo é discutido no Congresso, voltado para a politicagem da eleição de suas mesas diretoras, em 1º de
fevereiro.
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A mídia em geral está muito voltada para criticar, ironizar e desgastar o governo, que erra, mas não na proporção noticiada, e que acerta, sem a mais leve referência. São poucos os órgãos da imprensa plurais, independentes, como este jornal que nos acolhe sem restrições.
Uma das palavras mais lúcidas pronunciadas nos últimos tempos estão na entrevista de Salim Matar, ao programa Pingo nos Is, da Jovem Pan. Uma aula de liberalismo e bom senso. E exemplo de patriotismo de um dos grandes empresários do Brasil, um homem que construiu seu império empresarial e tentou prestar um serviço público e não conseguiu.
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O enfrentamento da pandemia tem suscitado muitas controvérsias no país. O governo federal não parece ter sido muito feliz desde o início, tomado por um negacionismo da dimensão mundial da tragédia. Questiona ou ignora o que se passa nos países mais adiantados e em muitos menos adiantados, que estão vacinando, com vacinas compradas, mesmo que em pequenas quantidades, mas atendendo às prioridades, aprovadas por reguladores exigentes. A nossa Anvisa é muito eficiente, mas não é mais responsável do que suas congêneres no Reino Unido, União Europeia e EUA, por exemplo.
Agora parece que a situação está, finalmente, definida para o breve início da vacinação. Esta vai ser sucesso, pois sempre tivemos, desde os governos militares, experiência positiva em grandes campanhas de vacinação. E, dessa vez, não será diferente. Mas seria criminoso limitar a presença do setor privado, em separado, o que só aliviaria o SUS . Importação direta já.
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O que precisa ficar claro é que o saldo desse governo é muito positivo, embora o presidente insista em falar o que não deve e ouvir quem não deve, que nem se sabe quem são estes interlocutores. Mas a direção é correta, a equipe é boa, na média, e tem craques reconhecidos. Os críticos têm de ter consciência, correção, de que governar é escalar o time, como fazem os grandes treinadores, ou formar boa orquestra, como fazem os talentosos maestros. O nosso poderia ser melhor, pode ainda se aprimorar no mandato, mas é muito mais eficiente do que o que tivemos nos últimos 25 anos.

Vamos amar mais o Brasil e cultivar menos idiossincrasias.
É jornalista