Josier Vilar - Divulgação/Alessandro Mendes
Josier VilarDivulgação/Alessandro Mendes
Por Josier Vilar*
Com o anúncio da vacina Coronavac, pelo Instituto Butantan, e a aproximação da notícia da vacina de Oxford, pela Fiocruz, o Brasil ganha dois grandes e poderosos aliados no combate à covid19, fazendo surgir uma luz no fim do túnel para a retomada de nosso crescimento econômico e, consequentemente, da redução do desemprego e do desespero social, permitindo o retorno ao convívio entre amigos, ao trabalho e à felicidade familiar.
O mais importante é que, independente dos índices de eficácia demonstrados, as duas vacinas vão impedir que mais vidas sejam perdidas e leitos de UTIs sejam ocupados por pacientes graves em decorrência da covid-19. A vacina do Butantan mostrou ser eficaz em impedir que a doença evolua de forma grave em 100% dos testados e impede o surgimento da doença em 50,4% dos vacinados. É uma ótima notícia !
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Enfim, temos o que comemorar após um ano de sofrimento, medo e angústia de todos que sobreviveram.
Agora está na hora de o governo apresentar o Programa Nacional de Imunização (PNI) para a Covid19, revelando como será feita a guarda, o transporte, a distribuição e a aplicação das vacinas em todo o povo brasileiro, definindo com clareza o cronograma geral e as prioridades dos grupos mais suscetíveis à doença.
O país clama por informações que permitam a todos se programarem para esse dia tão esperado. E a divulgação e implantação desse PNI são também muito importantes para que se evitem especulações sobre a venda de vacinas por clínicas privadas antes da implantação do programa nacional pelo SUS.
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Agora é o momento de integrar toda a cadeia de prestadores de serviços da Saúde (públicos e privados), escolas, organizações setoriais e conselhos profissionais em um gigantesco esforço logístico de vacinação populacional para atender de forma equânime aos 220 milhões de brasileiros e brasileiras.
Não faz o menor sentido que, em tempo da pandemia que devasta todos os lares do país, privilegiemos alguns em detrimento da maioria. O mercado regula muito, mas não pode regular tudo na Saúde. Oferta de vacinas pelo setor privado somente poderia ocorrer após todos os idosos, profissionais de Saúde, portadores de doenças com comorbidades, professores e agentes públicos de segurança serem vacinados pelo SUS.
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Isto é moralmente sustentável e é do interesse público e privado cidadão. Propostas que esgarçam a unidade do sistema de serviços de Saúde, quando o foco é o combate a covid19, são contrárias ao modelo civilizatório que o setor defende.
Nosso foco agora deve estar na cobrança imediata de um PNI eficiente, eficaz e de interesse público. Fora disso será a barbárie e uma guerra vacinal desnecessária.
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*Médico e presidente do Forum INovação Saúde - FIS