Nelson Garcia - Opinião O Dia - divulgação
Nelson Garcia - Opinião O Diadivulgação
Por Nelson Garcia*
Há quase um ano, o mundo conhecia a primeira pandemia deste século. Desde março de 2020, aprendemos novas formas de trabalhar, de se relacionar e de viver. O setor da Saúde, o mais importante desta crise, foi diretamente impactado com o imenso número de infectados, demanda impensável por equipamentos, UTIs cheias e com uma nova forma de atender os pacientes.

As empresas do setor viveram desafios nunca imaginados antes. Desde colocar uma parte da equipe em home office, equipar e garantir a segurança dos profissionais da linha de frente até atender à imensa demanda de hospitais públicos e privados por ventiladores e outros aparelhos, como tomógrafos e raios-x, essenciais para o atendimento de pacientes com covid-19, e ainda oferecer soluções tecnológicas para enfrentar a crise.
Os equipamentos seguem atendendo os milhares de pacientes internados na “segunda onda” da doença. O home office, em alguns casos, veio para ficar. Os profissionais da linha de frente vão continuar se expondo em nome de um bem maior. Mas quais são as outras marcas da pandemia que devem permanecer?

Muitos me perguntam se a telemedicina seria uma delas. Acredito até que muitos atendimentos possam ser feitos de forma virtual, mas ainda creio no exame feito de forma minuciosa. A meu ver, a telemedicina favorece casos onde o paciente já possui resultados, precisa de direcionamento emergencial ou está impossibilitado de se deslocar.

Um caminho sem volta é a tecnologia empregada para a pandemia. Nesse ponto, falo exatamente de como a Ciência avançou durante a crise. Os equipamentos médicos ganharam uma precisão nunca vista antes, soluções foram criadas ou melhoradas e várias vacinas eficazes foram criadas em tempo recorde. A ciência e a tecnologia ofereceram à sociedade a resposta de um problema que, anos atrás, demoraria muito mais para ser resolvido.

O medo e a incerteza são legados ruins que a pandemia deixa. De acordo com as Sociedades Brasileiras de Cirurgia Oncológica (SBCO) e de Patologia (SBP), houve uma redução de até 90% no número de exames que deveriam ser oferecidos em hospitais do país, afetando especialmente pacientes oncológicos, gestantes e doentes crônicos. É importante ressaltar que essa redução foi causada pelos pacientes, que deixaram de fazer consultas médicas e exames.

Entre os meses de março e maio do ano passado, 50 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados com câncer. O “abandono” de hospitais e clínicas pela população vai mostrar os seus resultados já este ano, com um possível aumento do número de casos de diversas outras patologias.

Após o fim da pandemia, vamos respirar com alívio, mas será que teremos um mundo melhor? Em alguns setores, sim. Em outros, enfrentaremos problemas graves por causa de tudo o que deixamos de fazer nesse período. Caberá a nós pensar de maneira colaborativa e privilegiar o coletivo. Só o tempo nos mostrará se aprendemos com a maior crise da saúde recente!
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*É diretor-executivo da GE Healthcare para o Brasil