As empresas do setor viveram desafios nunca imaginados antes. Desde colocar uma parte da equipe em home office, equipar e garantir a segurança dos profissionais da linha de frente até atender à imensa demanda de hospitais públicos e privados por ventiladores e outros aparelhos, como tomógrafos e raios-x, essenciais para o atendimento de pacientes com covid-19, e ainda oferecer soluções tecnológicas para enfrentar a crise.
Muitos me perguntam se a telemedicina seria uma delas. Acredito até que muitos atendimentos possam ser feitos de forma virtual, mas ainda creio no exame feito de forma minuciosa. A meu ver, a telemedicina favorece casos onde o paciente já possui resultados, precisa de direcionamento emergencial ou está impossibilitado de se deslocar.
Um caminho sem volta é a tecnologia empregada para a pandemia. Nesse ponto, falo exatamente de como a Ciência avançou durante a crise. Os equipamentos médicos ganharam uma precisão nunca vista antes, soluções foram criadas ou melhoradas e várias vacinas eficazes foram criadas em tempo recorde. A ciência e a tecnologia ofereceram à sociedade a resposta de um problema que, anos atrás, demoraria muito mais para ser resolvido.
O medo e a incerteza são legados ruins que a pandemia deixa. De acordo com as Sociedades Brasileiras de Cirurgia Oncológica (SBCO) e de Patologia (SBP), houve uma redução de até 90% no número de exames que deveriam ser oferecidos em hospitais do país, afetando especialmente pacientes oncológicos, gestantes e doentes crônicos. É importante ressaltar que essa redução foi causada pelos pacientes, que deixaram de fazer consultas médicas e exames.
Entre os meses de março e maio do ano passado, 50 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados com câncer. O “abandono” de hospitais e clínicas pela população vai mostrar os seus resultados já este ano, com um possível aumento do número de casos de diversas outras patologias.
Após o fim da pandemia, vamos respirar com alívio, mas será que teremos um mundo melhor? Em alguns setores, sim. Em outros, enfrentaremos problemas graves por causa de tudo o que deixamos de fazer nesse período. Caberá a nós pensar de maneira colaborativa e privilegiar o coletivo. Só o tempo nos mostrará se aprendemos com a maior crise da saúde recente!