Emílio Figueira - Divulgação
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Por Emílio Figueira*
Vivemos um momento em que se discute a volta da Educação Especial e o deslocamento dos investimentos da rede pública e das escolas regulares para instituições especializadas, o que é inconstitucional, é discriminação, é capacitismo, é violação de direitos humanos. Na década 1960, o estudante com deficiência só poderia ser matriculado em uma turma comum quando estivesse “pronto” para acompanhar os demais colegas nas atividades.
Quando não alcançava o ideal esperado, permanecia fora, numa classe especial ou nas escolas especiais, localizadas longe das regiões centrais da cidade, para ninguém ver. As famílias tinham vergonha e isolavam esses filhos em casa, ou em hospitais psiquiátricos. E esse modelo de sociedade discriminatório, ainda hoje, muitos acham “normal” segregar as pessoas com deficiência, como se elas fossem o problema, o desvio da norma, os “excepcionais”, que demandam tratamentos também da ordem da excepcionalidade.
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Sim, a volta da Educação Especial no Brasil é Capacitismo, a discriminação e o preconceito social contra essas pessoas, em que a ausência de qualquer deficiência é visto como o normal, e pessoas com alguma deficiência são entendidas como exceções. Algo a ser superado ou corrigido, se possível por intervenção médica. Consideradas inferiores às pessoas sem deficiência. Capaticismo inclui tanto a opressão ativa e deliberada (insultos, considerações negativas, arquitetura inacessível) quanto a opressão passiva
(como reservar às pessoas com deficiência tratamento de pena, de inferioridade/subalternidade).
Não podemos recuar, exigindo que, em vez de desviar verbas para o velho modelo de Educação Capaticista, o governo deverá investir na consolidação da Educação Inclusiva, na acessibilidade, na qualificação e na remuneração dos professores, adaptações físicas e de recursos para as escolas. Treinamentos e constantes reciclagens para o pessoal da Educação.
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Digo exigir, porque temos a velha visão cultural que o governo é um “ser superior” que não podemos alcançá-lo. Esquecemos que quem os coloca lá somos nós com o nosso voto. Que o dinheiro que é negado para a melhoria da Educação e outros setores é nosso, provém dos impostos pagos. Precisamos unir a nossa parte de 90% da população, deixar de sermos cordeirinho e nos unirmos numa sociedade politicamente articulada, impondo-nos e deixando claro o que queremos para melhorar tanto a Educação Inclusiva como qualquer outro setor que nos é de fato e de direito.
*É autor do livro “Psicologia e Inclusão”