Isa Colli é jornalista e escritora Divulgação

A informação passou por importantes mudanças na forma de transmissão. E as redes sociais com bilhões de usuários ativos no mundo todo, que podem acessá-las a qualquer momento e em qualquer lugar por meio de smartphones, tablets, computadores e notebooks conectados à internet, são os principais responsáveis pela rapidez da entrega e compartilhamento de conteúdos, de produtos e serviços.

Embora elas aproximem as pessoas e facilitem a construção de networking, ampliando as oportunidades profissionais, muitos especialistas destacam os pontos negativos, comparando seu uso excessivo a um vício, que pode desencadear problemas como estresse, baixa autoestima e ansiedade. O National Center for Biotechnology Information, dos Estados Unidos, relaciona o uso pesado das mídias sociais à depressão.
Além disso, o espaço virtual também é um ambiente propício para a propagação de informações enganosas e notícias falsas, uma vez que o usuário pode escrever – e compartilhar – o que quiser nas redes, sem a necessidade de mencionar fontes adequadas.

Mas qual é o impacto das redes sociais no ambiente escolar? Assisti “O Dilema das Redes”, na Netflix, e fiquei impressionada com essas questões, apresentadas no filme de forma bastante didática, com base em depoimentos de quem as criou e conhece bem o seu impacto sobre a sociedade.

Concluí que proibir celular no recreio e nas aulas não vai ajudar a preparar o aluno para lidar com o mundo atual, pois não é mais possível escapar das redes. E a escola tem o dever de exercer o seu papel educador diante de um fenômeno tão relevante, atuando para gerar consciência sobre o que acontece no mundo e orientar os alunos sobre formas mais saudáveis de usar as redes sociais.

Os alunos precisam saber que, da mesma forma que celular e redes sociais aproximam os de longe, viciam e afastam as pessoas mais próximas, principalmente em momentos informais como rodas de conversas, almoços ou jantares íntimos.

A escola pode trabalhar no desenvolvimento da consciência dos momentos adequados e inadequados para deixar o celular ligado e acessível, por exemplo. É preciso mostrar aos alunos que estudiosos como o professor Stuart Russell, da Universidade da Califórnia em Berkeley, se preocupam com a ameaça eminente da sobrevivência humana pela Inteligência Artificial (IA).
Os jovens precisam saber que as redes sociais exploram os seus lados mais vulneráveis; que os robôs da Internet são preparados para capturar a sua atenção com mecanismos e gatilhos; e que essas inteligências seguem você por toda parte. Também vale a pena mostrar que o excesso de informação tira a nossa atenção e promove interpretações mais superficiais sobre o que lemos.

Os alunos devem ser incentivados a buscar informação variada ao invés de se contentar com o que recebem, e devem manter a prática de ir lendo textos cada vez mais longos, mesmo que digitais.
E, por fim, devem aprender a reconhecer fake news e saber que não devem divulgá-las jamais. Devem aprender regras de comportamento das redes e preservar – o quanto for possível – a sua privacidade e a dos seus conhecidos.
Isa Colli é escritora e jornalista