Dani Balbi é deputada estadual Julia Passos/Divulgação

Todo dia 8 de Março são muitas distribuições de rosas, mensagens de WhatsApp e em redes sociais, abraços e muito afago. Difícil alguém que não saiba que essa data se trata do famoso Dia Internacional da Mulher. E nada contra o carinho transmitido a todas nós neste dia. Mas, para nós, mulheres, a data torna-se cada vez mais um momento sobretudo de luta e reflexão sobre os nossos direitos.
Vivemos num país onde o feminicídio, assassinato motivado pelo fato de a vítima ser mulher, teve uma alta generalizada, com aumento de 10,8% em relação a 2019, quando foi iniciado levantamento com tal tipificação. Se levarmos em consideração o crescimento em relação ao ano passado, o aumento foi de 3,2% dos casos.
Quando delimitamos tal leitura ao território fluminense, o cenário é igualmente desolador. De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), houve um crescimento de 22% nos casos em 2022, numa comparação com o ano anterior. São mães de família ou mulheres recém-separadas cheias de sonhos que acabam por ter sua vida abreviada, em geral, por seus próprios companheiros ou ex-companheiros. Isso diz respeito às mulheres cisgênero - aquelas que se identificam com seu gênero, que acabam vítima fatal da violência de companheiros.
Quando se trata das mulheres transexuais, o cenário é ainda pior. Nem sempre os dados de crimes de feminicídio incluem as mulheres transexuais. A inclusão depende da interpretação do delegado que investigar o caso. E não são raras as queixas de vítimas sobre descaso.
Não podemos deixar de ressaltar que o 8 de Março é, antes de tudo, uma data política, que nos rememora a luta de mulheres operárias que sempre se organizaram contra governos e patrões. É fruto da luta das jornadas por igualdade de direitos civis, da luta das tecelãs que tomaram as ruas de Petrogrado em 1917 dando pontapé na Revolução Russa, da luta das sufragistas pelo direito ao voto e, hoje, representa a luta das mulheres contra o feminicídio, da luta por mais participação política, contra as opressões de gênero e contra o subemprego e a desvalorização no mercado de trabalho.
No caso das mulheres trans, as pautas são ainda mais urgentes. A expectativa de vida das mulheres trans na América Latina não supera os 35 anos, somos apenas 0,2% do total de estudantes no Ensino Superior e apenas 13,9% das mulheres trans e travestis possuem emprego formal.
Criar projetos de qualificação acadêmica e profissional, bem como de inserção da população trans, em especial das mulheres trans, no mercado formal de trabalho é uma necessidade urgente para garantir cidadania e plenos direitos para essa população. Por todos esses motivos, a luta de todas as mulhers - cis e trans - é pela vida!
Dani Balbi é deputada estadual e presidente da Comissão de Trabalho, Seguridade Social e Legislação Social da Alerj