Laura Di Blasi é presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidadedivulgação

Nos dias de hoje, mesmo em meio a nossa vida agitada, ainda é possível caminhar pelas ruas, vielas e travessas estreitas do Centro da Cidade do Rio de Janeiro e experimentar a ambiência do período colonial do final do século XIX. Seja pelo casario assobradado, antigos palacetes, calçamento em pedras remanescentes em alguma viela ou também pelo tipo de iluminação pública, o clima genuíno da época ainda está presente nesta área da cidade.
Ao andar pelas Ruas do Ouvidor, da Conceição, do Rosário, pelas Travessas dos Mercadores, do Comércio, entre outros logradouros do Centro, nos deparamos com modelos antigos de postes e antigas luminárias sustentadas por arcos de ferro fundido com detalhes artísticos ou presas em cordoalhas, instaladas diretamente nas fachadas do casario.
O tipo de iluminação compõe a paisagem e o espírito do lugar, cuja importância para o patrimônio cultural é inestimável, visto que ali a cidade foi fundada e onde, no final da década de 1970, foram implementadas ações pioneiras de proteção e valorização de paisagem urbana, com a criação da Área de Proteção do Ambiente Cultural do Corredor Cultural.
Em janeiro de 2021, a Prefeitura do Rio, através do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, instituiu um Grupo de Trabalho para elaborar um plano de requalificação urbana do Centro do Rio de Janeiro, no âmbito do programa Reviver Centro. O objetivo era requalificar e estimular a reocupação das áreas centrais da Cidade, principalmente com o uso residencial.
Neste contexto, o Projeto Luminárias Históricas visa resgatar a iluminação pública histórica do Centro antigo. Esta ação foi precedida por uma extensa pesquisa histórica para identificar os modelos de postes e luminárias utilizados, quando se iniciou a iluminação pública elétrica na cidade pela empresa The Rio de Janeiro Light and Power Company.
A equipe técnica do IRPH elaborou então um mapeamento dos equipamentos existentes e as necessidades de reposição, delineando o projeto de restauração. A execução de novas luminárias seria feita a partir de moldes das peças originais, para complementação do sistema de iluminação.
Havia ainda o desafio de adaptar as luminárias históricas à tecnologia de iluminação mais moderna, a partir do LED, trabalho este desenvolvido pela Rioluz, visando não somente compor a ambientação destes logradouros, bem como garantir a eficácia, a sustentabilidade e a iluminação de qualidade do espaço público.
O Rio de Janeiro é uma cidade única, com paisagens e ambiências diversas que, durante o dia, mostram toda a sua beleza e vitalidade. A iluminação artificial no espaço urbano é fundamental para que os cidadãos possam continuar a usufruir plenamente das ruas com mais segurança, mesmo após a luz natural do sol se pôr e a noite cair.
O Projeto Luminárias Históricas vem permitir que os habitantes e visitantes desfrutem plenamente destas sensações e experiências também durante o período noturno, seja sob o aspecto comercial, turístico, cultural ou simplesmente pelo prazer de vagar pelo Centro Histórico da Cidade Maravilhosa.
Laura Di Blasi é presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade