Aristóteles Drummond, colunista do DIADivulgação

Mesmo com a crise, o número de brasileiros protegidos pelos diferentes planos de saúde é estimado em 50 milhões, um quarto da população. Já foi um pouco mais. A instituição consagrada universalmente como proteção às classes médias, que no Brasil já teve número maior de assistidos, deve ser fortalecida e incentivada, não perseguida com objetivos ideológicos de inviabilizar a medicina privada e sobrecarregar
o sistema público.
São leis de inspiração demagógica aprovadas no Legislativo, por um lado, e pela lamentável juridicização de contratos privados, do outro. Ao interferir nas relações das empresas com seus assistidos, a demagogia legislativa ou judiciária inviabiliza pelo aumento de custos uma conquista da sociedade. Os contratos poderiam ser mais claros também, definindo direitos.
A percepção que se tem é que os planos andam deficitários, as tabelas do SUS e mesmo dos planos com prestadores de serviços, defasados, provocando queda na qualidade e na rentabilidade da rede hospitalar, atende aos SUS que precisa lucrar para investir em mercado competitivo e com permanente inovação em tecnologia.
A maioria das seguradoras e das redes hospitalares são corporações sem donos. Os executivos pensam no dia a dia que leva a bônus e o negócio em si vai se tornando inviável. Acossada pelo discurso de esquerda o setor privado não faz a defesa institucional de seu papel na sociedade.
Mesmo na pandemia, os setores mais à esquerda da área médica oficial barraram a aquisição de vacinas pelo privado, que teria apressado a imunização e aliviado a pressão no SUS, que realizava belo trabalho. No caso da gripe, a classe média conta com a opção de vacinas importadas em excelente rede de clínicas especializadas em vacinas disponíveis nos grandes centros. Sempre sem afetar, competir com o setor público, pelo contrário, ajudando.
As entidades filantrópicas, como as Santas Casas, vivem crise e ameaça de colapso com uma tabela que não é atualizada há mais de dez anos na maioria dos casos. O sistema sobrevive mesmo com prejuízos pela garantia de faturamento para pagar folha, mas acumulando débitos fiscais e trabalhistas. Tem consulta médica de R$ 10 a R$ 20, causando nas entidades beneficentes grande prejuízo operacional.
O ensino da Medicina nas faculdades privadas, algumas relevantes, custam verdadeiras fortunas, sem bolsas, incentivo específico, quando a sociedade pede mais médicos. A falta de regulamentação nas atividades como fisioterapia provoca distorções chocantes.
Muitas instituições deixam de ter cursos, pois a competição desregulamentada faz com que a concorrência seja desleal e desproporcional. Na fisioterapia de reabilitação, por exemplo, a mensalidade de R$ 1.600 mil de uma instituição de bom nível sofre a concorrência de cursos que cobram R$ 500 e se prestam apenas a jogar no mercado mão de obra não qualificada.
O mais triste é que o orçamento brasileiro seria suficiente para um salto de qualidade se a gestão fosse mais correta no sentido da eficiência e do racional. É uma pena o assunto não entrar na pauta dos parlamentares e governantes.
Aristóteles Drummond é jornalista