Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública divulgação
As recentes imagens de violência na Zona Sul do Rio de Janeiro, infelizmente não deveriam nos surpreender. Trata-se de uma tragédia anunciada e recorrente, pois os arrastões nas praias cariocas já foram manchetes em todo o mundo anos atrás. Entra governo e sai governo e pouco se avança para solucionarmos esse grave problema que tira do carioca o direito constitucional de ir e vir. E isso não se limita a Zona Sul, pelo contrário, chegou nas Zonas nobres da Cidade o que já é rotina nas áreas mais humildes. Nossas autoridades não podem mais brincar de segurança pública. O Rio está em apuros e não é de hoje.
É inadmissível assistirmos um grupo de mais de 20 delinquentes caminharem por mais de 2 km, do Arpoador a Copacabana, praticando roubos e violência contra pedestres sem nenhum policial intervir. É importante entendermos qual o atual cenário da polícia, ou seja, sabermos se há efetivo o suficiente, entendermos se os policiais estão devidamente equipados e treinados para lidar com essa onda crescente de violência, entre outros pontos.
Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), comprovam que Copacabana neste ano teve alta de 25% de roubos e 23% de furtos, em relação a 2022. Mas vale ressaltar que o crescimento da violência é identificado em toda a Cidade. Segundo a polícia civil, o roubo de veículos cresceu na maioria dos bairros do ano passado pra cá, principalmente nas zonas Norte e Oeste, tendo chegado a 118% em alguns bairros.
Esses registros podem ser maiores, pois, intimidadas muitas vítimas acabam não fazendo o Boletim de Ocorrência, além daquelas que não conseguem fazer o BO on line. Criada para proporcionar agilidade e conforto para o cidadão, a delegacia virtual tem como base uma plataforma que busca padronizar as condutas policiais, com especificidades e características que atendam as necessidades do cidadão. No entanto, muitas pessoas relatam certa dificuldade de retorno e acompanhamento dos seus casos.
Virtual ou presencial, o fato é que a Segurança Pública no Rio de Janeiro carece de providências emergenciais, pois essa ausência ou ineficácia é que possibilita o surgimento de mais e mais milícias, como o movimento dos chamados justiceiros, na Zona Sul, que querem combater diretamente tais roubos e arrastões, fazendo justiça com as próprias mãos, o que pode ser ainda mais catastrófico.
*Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública
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