Bruno Garcia RedondoDivulgação

O tráfico de drogas e de armas é hoje o maior calcanhar de Aquiles dos estados no combate à violência. Reforçar o policiamento nas divisas interestaduais é, claro, fundamental. Mas é hora de usarmos uma das principais aliadas da segurança pública, a tecnologia, para garantir resultados cada vez mais expressivos e, quem sabe, quase definitivos. Uma das propostas do Governo do Rio de Janeiro é criar portais eletrônicos de monitoramento para ampliar o controle sobre o que entra e sai do território fluminense. Uma ação acertada para enfraquecer o crime organizado.
A ideia é implementar câmeras inteligentes e scanners nas divisas para bloquear o acesso de drogas e armas ao estado e evitar a sonegação fiscal. E é isso o que precisa ser feito. O Estado tem que monitorar rotas e interceptar criminosos com inteligência. Os scanners vão detectar esses materiais em veículos em movimento, enquanto as câmeras podem identificar mudanças de percurso que possam sinalizar atividades criminosas. Esses dispositivos, que incluem reconhecimento de placas e balanças de pesagem para veículos, serão instalados em cinco pontos de controle no RJ.
Batizado de Guardião de Divisa, o projeto é ambicioso e tem tudo para se tornar referência para todo o país. No Rio de Janeiro, assim como em outros estados do Brasil, o caso é de urgência. Apenas nos primeiros nove meses deste ano, a Polícia Miliar fluminense apreendeu mais de 55 toneladas de drogas, um aumento de 105,7% em relação ao mesmo período de 2023.
O Estado Brasileiro tem que impedir a entrada de armas no país. Hoje, por exemplo, 90% dos armamentos apreendidos pelas polícias do RJ foram fabricados nos Estados Unidos, mas elas, evidentemente, não vieram direto de lá para cá. A arma é vendida para o Paraguai, Colômbia e Bolívia, e são nesses países que se perde o monitoramento, dificultando a fiscalização das fronteiras. É necessário que a diplomacia brasileira haja de forma mais rigorosa com esses países.
A sociedade civil e os três Poderes precisam debater essa e outras ações, como o endurecimento da legislação penal e até a polêmica autonomia para os Estados legislarem sobre segurança e terem maior controle nas fronteiras.
Não podemos deixar que esses temas percam a força, o debate é fundamental para aprimorar as ideias. Precisam estar diariamente nos noticiários, nos debates políticos, no dia a dia da população. E o mais importante: temos que agir. Todos. E unidos. Essa é uma luta não apenas do Rio de Janeiro, mas de todo o país.
Bruno Garcia Redondo é Doutor e mestre em Direito
Professor da PUC-Rio e UFRJ
Procurador da Uerj
Presidente da Comissão de Direito e Políticas Públicas da OAB-RJ