Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública divulgação

Chegando ao final de mais um ano podemos estimar que os números ligados a violência permanecerão no mesmo patamar de 2023 quando, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, foram registradas mais de 46 mil mortes violentas intencionais o que representou 22,8 mortes violentas a cada 100 mil habitantes. Uma realizada de que tende a se agravar se não tivermos um redirecionamento nas políticas de segurança pública.
O saldo final de 2024 no que diz respeito a segurança pública tende a ser negativo. Isto é fato. A violência no país cresceu como um todo e no Rio de Janeiro os números são assustadores. Contabilizamos índices de uma verdadeira guerra, com diversas vítimas inocentes, dentre elas crianças.
De acordo com a Organização Não Governamental Rio de Paz, que acompanha desde 2007 o homicídio de crianças e adolescentes no Rio, em quase duas décadas, já são 115 casos. Segundo a ONG, entre 2020 e 2024, foram 48 vítimas, com idades entre 7 meses a 14 anos, que morreram baleadas.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontou que o número de feminicídios no último ano aumentou no país, chegando a 1.467 vítimas, maior resultado desde a criação da lei que criminaliza esse tipo de violência, instituída em 2015. Ainda sobre feminicídio, o Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP) divulgou o Dossiê Mulher, com dados apontando que foram quase 100 mulheres mortas no Rio – mais de 80% por conflitos conjugais.
E os números da violência não param por aí. De acordo com o próprio ISP, os casos de roubos de veículos no estado aumentaram 29% em 2024. Ao todo, mais de 21 mil veículos foram roubados nos nove primeiros meses do ano (de janeiro a setembro). O estado do Rio de Janeiro também se destaca quando o assunto é estelionato. Foram, em média, mais de 400 estelionatos por dia no primeiro semestre de 2024, segundo dados do próprio ISP.
E são tantas outras modalidades de crime que não teríamos espaço para detalhar. Não é de hoje que se fala numa guerra que o Rio vive. Os armamentos das facções e milícias são de guerra, os números de vítimas são de guerra e, efetivamente, tudo isso só aumenta a cada ano.
A Cidade está loteada, com 66,2% da capital, nas mãos das milícias, sendo 83,1% da Zona Oeste. Já as facções estão assim divididas: 20,7% da capital com o comando vermelho, 9,3% do Terceiro Comando Puro e 2,4% sob o domínio dos Amigos dos Amigos.
O Rio pede socorro, uma ajuda emergencial, medidas efetivas que livre o cidadão dessa guerra sem fim que vitimiza centenas de inocentes todos os anos.
Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública