Equipes trabalham na contenção de encostas, na altura de Paracambi. Estrada Imperial, usada como rota alternativa está recebendo intervenções de reforçoDivulgação / DER RJ
Atualmente os motoristas são obrigados a seguir por rotas alternativas, como a Serra das Araras ou a Serra de Miguel Pereira. Uma viagem que duraria cerca de 20 minutos pela RJ-127 agora aumentou para 80 minutos.
Outra reclamação dos moradores é em relação ao custo com passagens de ônibus. A linha MP72 Morro Azul/Paracambi é uma das que estão impossibilitadas de circular devido aos deslizamentos. O itinerário permitia que os moradores tivessem acesso a Japeri, onde circulam mais linhas de ônibus, além dos trens, que permitem ligação com a Região Metropolitana. A tarifa era R$ 10,50. Para minimizar o problema o Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Detro-RJ) instituiu em 7 de março, em caráter emergencial, a ligação Engenheiro Paulo de Frontin/Japeri (Via Morro Azul e Arcadia), operada pela Viação Progresso, com tarifa única de R$ 23,00. O gasto do morador, somente com esta linha, seria de R$ 46 por dia, totalizando R$ 1.012,00 por mês.
Cinegrafista com clientes em diferentes municípios, Isaque Mauge, de 40 anos, disse que se sente ilhado. Morador de Mendes, ele afirma que não só seu trabalho está sendo prejudicado, mas também o ir e vir de sua família. Sua filha fazia curso de inglês em Paracambi e teve que parar por conta da interdição da serra. “Estamos pedindo providências às autoridades pois não podemos continuar assim. A população está revoltada. Já houve até manifestação no local, mas não adiantou. Muitos moradores estão perdendo empregos, e quem é assalariado não aguenta pagar R$ 46 por dia só de ônibus, sem contar a tarifa de outros transportes. A passagem de Paulo de Frontin para Paracambi era R$ 3,90, agora, com este ônibus que dá uma grande volta, a passagem é R$ 23. Vemos vários comerciantes e empresários também sendo prejudicados, estudantes, universitários, muita gente perdendo oportunidades. Nossas cidades ficaram isoladas”, reclama Isaque.
Loide Pereira, de 57 anos, também moradora de Mendes, trabalha fora do município, e agora precisa ficar a semana toda fora de casa por conta do tempo no trajeto pelas rotas alternativas e o alto custo dos transportes. “É muito ruim ficar longe da família, mas não tem outro jeito. É melhor do que perder o emprego. Estou vendo cada vez mais pessoas desempregadas por conta disso, lojas fechando, empresários sem saber o que vão fazer. Esta interdição está prejudicando muito a nossa região”, destaca Loide.
Alexandre Rosa da Silva, de 34 anos, morador de Engenheiro Paulo de Frontin, trabalha em Paracambi e, para chegar mais rápido e de forma mais barata ao emprego, teve que comprar uma motocicleta. “Tive que fazer este custo, ou melhor, investimento, pois assim não perco o emprego e posso ficar mais perto de minha família. Tem o custo da gasolina, mas foi a alternativa que tive”, explicou Alexandre.
O que dizem as autoridades
O Detro informou que a ligação Engenheiro Paulo de Frontin X Japeri (Via Morro Azul e Arcadia), criada como alternativa durante a situação emergencial, segue em funcionamento aguardando a reabertura da RJ-127.
O DER-RJ informou ainda que a RJ-127 recebeu investimentos de R$ 54.742.352,06, entre 2023 e 2024, para obras de contenção de encostas em seis pontos, entre Paracambi e Engenheiro Paulo de Frontin, e que as intervenções foram finalizadas no início deste ano, um mês antes das fortes chuvas do final de fevereiro que causaram os estragos, que levaram à necessidade de interditar a rodovia.
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