Índia da aldeia Rio Pequeno, Paraty, ameaçada de morte teme novo ataque de invasores. Divulgação

Paraty - A vice- Cacique Neusa Kunhã, informou que o procurador da República em Angra e Paraty, Aldo de Campos Costa, entrou com uma ação Civil Pública contra o Estado do Rio de Janeiro, no dia 26 de janeiro de 2023, com objetivo de obrigar o Estado a capacitar seus agentes da segurança e garantir a integridade dos índios da comunidade Tekohá Dje’y , ( Rio Pequeno), no bairro Barra Grande em Paraty/RJ, que vive o descaso do Estado e cercada de medo e insegurança, por conta das invasões e ameaças de morte aos índios guaranis ocorridas no local.
Kunhã disse ainda, que foi reiterado o pedido novamente das instalações de Câmeras de Segurança na aldeia ao Estado, e da compra de um animal, um cão de guarda, para auxiliar na defesa da comunidade, que havia sido negado. Segundo a Cacique, a comunidade aguarda a autorização dos equipamentos de câmeras de monitoramento pela Gestora Financeira do Centro dos Direitos Humanos, PEPDDH RJ.
A ação do MPF determina ainda, que a União e o Estado do Rio criem mecanismo de monitoração e avaliação contínua da atuação das forças de segurança na comunidade, e a criação de núcleos especializados em assuntos indígenas, na delegacia de Polícia Federal de Angra dos Reis e Batalhões da Polícia Militar de Angra e Paraty.
E à Fundação Nacional dos Povos Indígenas, Funai, cabe a elaboração de protocolos de cooperação e mecanismos de comunicação, que estabeleçam com clareza a responsabilidade de cada órgão no que tange a segurança dos guaranis da aldeia Tekohá Dje’y.
Invasão e ameaças à índia da aldeia Tekohá Dje’y.

Um homem descontrolado invadiu na manhã dessa segunda-feira,23, a Aldeia Tekohá Dje’y. (Rio Pequeno), em Paraty/RJ. O agressor fez ameaças a uma indígena; aos gritos” Índio não presta tem que morrer”, entre outros xingamentos e em seguida foi embora. Ninguém ficou ferido. A vítima a qual o homem se referia, foi até a 167ª DP e denunciou o caso. Foram feitas diligências nas áreas próximas a aldeia, com as poucas informações da índia guarani, por não conhecer o agressor, sem sucesso.

Em depoimento à polícia, ela disse que além da ameaça verbal de morte que sofreu, o homem teria dito frases racistas.
O Tekohá Dje’y é uma comunidade indígena Guarani Mbyá e Nhandeva, composta por 43 pessoas e que ocupa uma área de aproximadamente 8 hectares. Segundo os indígenas, as invasões de terras, desmatamento e caça ilegal ocorrem desde 2017. Em 2018 um assassinato foi registrado. O governo Federal já foi acionado e a vice-cacique da Aldeia, Neusa Kunhã Takuá, aguarda também a intervenção do Estado.

Esta é a segunda vez que as terras são invadidas. A vice-cacique da Aldeia, Neusa Kunhã Takuá Martine, informou que as providências já estão sendo tomadas: além de registrar a ameaça na delegacia de polícia local, ela acionou o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH), a Comissão Guarani Yvyrupa (CGY) e a Articulação dos Povos Indígenas ( ARPIN Sudeste).

Ainda de acordo com relatos, em 2018, a aldeia foi invadida, houve o assassinato do filho do cacique Demércio, João Mendonça Martins, durante conflito com posseiros. Desde então a comunidade vem sofrendo inúmeras ameaças por parte de moradores, madeireiros e posseiros que vivem na região.

A vítima disse à polícia que ninguém na aldeia conhece o agressor, que foi embora do território indígena sem deixar rastros. A Polícia fez diligências no local, a procura de “um homem branco que vestia uma camisa branca e uma calça jeans”- características e vestimentas denunciadas pela vítima à polícia, sem sucesso. A delegacia informou que segue com as investigações.

Após a invasão, as lideranças indígenas do local pedem mais proteção e segurança: “Não é de hoje que o nosso povo vem sofrendo ameaças. Nós continuamos resistindo e pedindo proteção às autoridades. Após fazermos o registro oficial sobre mais este fato, vamos informar ao Estado e aguardamos ações concretas. Estamos divulgando as informações, pois apostamos na solidariedade e na ação comum da sociedade. Respeito e dignidade é o que queremos,” disse Neusa Kunhã.





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