Yuri Moura, candidato a prefeito de PetrópolisFoto: Divulgação

Petrópolis -Nesta reta final das Eleições Municipais 2024, O Dia realiza uma série de entrevistas com os candidatos a prefeito, buscando esclarecer as propostas dos prefeitáveis para que os eleitores tenham mais condições de reunir informações na hora de escolher o voto.
Nesta terça-feira (2), o entrevistado é Yuri Moura (PSOL), que se candidata pela segunda vez ao cargo, após ter ficado em terceiro lugar nas eleições de 2016. Em 2020, Yuri foi o vereador eleito com mais votos no município, com 3.742 votos. Dois anos depois, foi eleito deputado estadual, conquistando 25.479 votos.
O DIA - É a segunda vez que se candidata a prefeito em Petrópolis. Anteriormente ficou em terceiro, mas, agora, chega à disputa mais experiente e já tendo sido eleito vereador e deputado estadual. O que mudou desde a última vez que disputou o cargo e o que te motivou a se candidatar?

Yuri Moura - "Estou mais preparado e mais experiente, de fato. Mesmo quando não tinha mandato, nunca deixei de lutar por Petrópolis. No dia seguinte à eleição de 2016, quando fui candidato a prefeito pela primeira vez, já estava trabalhando com o nosso Gabinete Popular, uma forma de fiscalizar o executivo e trazer propostas para a cidade. Depois, fui eleito o vereador mais votado, acredito que como reconhecimento desse trabalho. Logo veio a tragédia de 2022, onde também tivemos um trabalho de destaque. Presidi a Comissão de Educação e Assistência Social da Câmara e também fui primeiro secretário da Casa. Foram dezenas de audiências públicas, projetos e leis importantes, o que me levou a ser o deputado mais votado em Petrópolis nas eleições de 2022.

Já como deputado, consegui destravar recursos para Petrópolis que estavam parados por inoperância dos grupos que passaram pela prefeitura. Também trouxe mais de R$11 milhões em verbas para saúde, educação, assistência social, defesa civil, cultura e turismo e dei voz a lutas importantes do nosso povo, como pela saída da Concer, contra os abusos da ENEL e contra o fim do Supera RJ. Meu objetivo é estar onde possa fazer mais por Petrópolis. Meu compromisso é esse".

Petrópolis se destaca nacionalmente por conta do turismo, recebendo milhões de pessoas por ano. Quais são os planos para esta área tão importante para o município?

"Vamos melhorar o acolhimento aos turistas e divulgar mais Petrópolis! É preciso garantir a nossa presença nas mídias sociais e veículos de imprensa por todo o Brasil. Buscar captar turistas e visitantes da Cidade do Rio, investindo em publicidades nos aeroportos, rodoviárias e rodovias. Fomentaremos o turismo rural, o ecoturismo e o turismo religioso. Teremos um grande calendário cultural, de eventos de negócios e outras vocações. Além de investir em infraestrutura, como banheiros, fraldários, lugar de descanso e estacionamento sem muito custo, nos polos de moda, no centro histórico e outros pontos já muito visitados. Colocaremos Wi-Fi gratuito em pontos de entrada, turísticos e praças da cidade. Criaremos um aplicativo de informações com dicas de eventos, gastronomia, compras, serviços e outros atrativos. Também vamos reestruturar os Centros de Informações Turísticas em parceria com os guias de turismo".

A Educação e a Saúde são fundamentais e precisam de melhorias constantes. Quais os principais problemas que enxerga nestas áreas no município e os planos que possui para melhorar toda a situação?

"Petrópolis virou uma grande fila e, infelizmente, é assim na educação e na saúde. São 2.500 crianças aguardando por vaga em creche e mais de 60 mil pessoas aguardando por exame, consultas e procedimentos. A nossa prioridade vai ser zerar essas filas. Vamos ampliar o número de vagas e construir novos Centros de Educação Infantil (CEIs). Na saúde, Petrópolis vai ter o seu Super Centro de Especialidades agilizando consultas, exames e procedimentos em ortopedia, oftalmologia, cardiologia, neuropediatria e outros. Também vamos fazer um mutirão da saúde, criando o terceiro turno de atendimento nas unidades de saúde e fazer parcerias com clínicas e hospitais particulares para acabar com a fila. Também vamos valorizar o nosso funcionalismo público. Os servidores estão com salários atrasados, sofrem perseguições e não possuem estrutura ideal de trabalho".

As mudanças climáticas estão impactando todo o planeta e Petrópolis tem um histórico longo de tragédias ambientais. Quais as principais medidas que tomará, caso eleito, para evitar que mais vítimas sejam feitas no município?

"Se eleito prefeito, minha primeira tarefa vai ser preparar a cidade para o verão. O petropolitano não pode mais sentir medo do cheiro da chuva. Como deputado, consegui prioridade para Petrópolis no PAC o que significou mais de R$70 milhões para contenção de encostas e R$117 milhões para obras de drenagem que podem resolver a situação do Rio Quitandinha e da Coronel Veiga. Para além destas obras de infraestrutura, vamos pôr em prática uma lei de minha autoria, que não está sendo cumprida pelo governo atual: a lei da Cidade Esponja. Ou seja, são medidas de gestão das águas pluviais: jardins de chuva, bueiros inteligentes que retém os resíduos, asfalto permeável e outras soluções já aplicadas em países modernos. Dá pra fazer, falta vontade política".

Ainda neste assunto, a habitação é pauta, já que moradias em áreas de risco acabam sendo frequentemente atingidas durante as tragédias. O que acredita que seja fundamental para reduzir o déficit habitacional no município?

"De imediato, vamos criar um escritório de engenheiros e arquitetos populares e o Banco de Materiais de Construção para tirar casas do risco e fazer mutirões nos bairros. Sou autor da lei da ATHIS (Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social) que já prevê este tipo de requalificação das moradias. Infelizmente, o governo atual ignora a lei e não a executa, mesmo após eu conseguir R$500 mil em emendas federais para a abertura do escritório. Também vamos, como já fizemos no último ano, trazer mais recursos federais e estaduais para contenção de encostas e habitação. Moradia digna não passa apenas pela construção de grandes conjuntos habitacionais afastados da história e da vida das pessoas".

Você é o candidato mais à esquerda que Petrópolis tem na disputa. Como acredita que suas posições ideológicas possam interferir na votação e como busca diminuir o afastamento criado por essa polarização?

"Já está claro que eu sou uma pessoa do diálogo. Ser o mais votado, por duas vezes, indica isso. Acredito que Petrópolis não vai levar essa polarização para as urnas no próximo dia 6. Está todo mundo muito cansado de dois velhos grupos políticos que se alternam no poder na cidade. Após o debate entre os candidatos, na última semana, ouvi elogios de muitos eleitores, da esquerda e da direita, pessoas interessadas em retomar a autoestima do petropolitano, em recuperar o desenvolvimento econômico da cidade, em ver melhorias na saúde e na educação. É possível ter firmeza nas nossas convicções, ser coerente, mas sem abrir mão do diálogo".

Por qual motivo acredita que seja a melhor escolha e que merece o voto da população petropolitana?

"Sou quem representa uma mudança de verdade na prefeitura de Petrópolis. Não tenho padrinho político, não sou de família de políticos e todas as eleições que venci foram por conta do trabalho apresentado para a cidade. O petropolitano sabe quem esteve ao lado dele nos piores momentos. Nossa candidatura representa o cuidado, o olhar para um futuro de oportunidades e para uma cidade resiliente e inteligente, que não briga com a chuva eque se desenvolve de forma sustentável".

Existe algum outro ponto que queira abordar? O espaço está aberto.

"Aproveitar este espaço para falar também com quem ainda não me conhece bem. Sou o Yuri, casado com a Ana, pai do Dom e do Joaquim, professor e gestor público formado. Fui o mais votado nas duas últimas eleições em Petrópolis e eleito Deputado Estadual, com 25.479 votos. Também fui vereador e agora, sou candidato a prefeito da cidade que eu amo. Quero retomar a autoestima do nosso povo, tornar Petrópolis uma cidade de oportunidades, acabar com as filas da educação e saúde e não deixar que mais dos nossos morram nas enchentes e na barreira. Dá pra fazer, falta gente comprometida e com vontade. Dia 6, vamos mudar esta história".