Petrópolis - O Centro Natural de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) divulgou os números de alertas e ocorrências de desastres registrados no Brasil em 2024. Na parte de ocorrências, Petrópolis foi o município com o maior número de eventos, com 44.
Ao todo, 1.690 ocorrências foram registradas ao longo do ano, sendo o terceiro maior número da série histórica. Destas, 1.150 (68%) foram de origem hidrológica, enquanto 541 (32%) foram geológicas. Segundo o Cemaden, a predominância de eventos hidrológicos reflete os impactos recorrentes das enchentes e enxurradas, notadamente em áreas urbanas mais vulneráveis. As 44 ocorrências de Petrópolis garantiram a liderança absoluta, seguido por Salvador, com 33, e São Paulo, com 27.
Nos alertas, um recorde foi registrado com a emissão de 3.620 avisos de desastres. Cerca de 53% dos alertas emitidos em 2024 foram de risco geológico, relacionados sobretudo a processos geodinâmicos, como deslizamentos de terra. Os demais 47% foram associados a riscos hidrológicos, como enxurradas e transbordamentos de rios e córregos. Manaus foi o município com mais alertas, com 50, seguido por Belo Horizonte (44) e São Paulo (41).
Para a diretora interina do Cemaden, Regina Alvalá, os números reiteram a necessidade de ações integradas, com investimentos na gestão de riscos, bem como em ações em que as comunidades melhorem a percepção do risco. “O crescente aumento de alertas emitidos e de ocorrências nos municípios corroboram balanços anteriores e a premente necessidade de investimentos integrados, tanto na gestão de riscos e de desastres, quanto na necessidade do aumento da percepção de riscos. Portanto, investimentos em ações estruturantes e não-estruturantes devem ser prioridades nos novos governos municipais que assumiram as prefeituras recentemente”, avalia Alvalá.
Desastre x evento extremo - O diretor do Departamento para o Clima e Sustentabilidade do MCTI, Osvaldo Moraes, explica que alerta de desastre não é sinônimo de ocorrência de evento meteorológico extremo. “O desastre é o impacto do evento meteorológico e não apenas a ocorrência do evento. O Cemaden emite o alerta do potencial impacto que um evento intenso pode ocasionar”, afirma. O impacto depende das condições e vulnerabilidades de cada localidade.
Moraes também destaca que o trabalho do Cemaden é altamente localizado e detalhado, ou seja, identifica o município e a tipologia de desastre, indicando a possibilidade de movimento de terra e/ou de enchente, por exemplo. O diretor reitera ainda que desde a criação do órgão todos os desastres registrados foram alertados. O Rio Grande do Sul, atingido por enchente histórica entre abril e maio, tem 45 cidades monitoradas pelo Cemaden, incluindo Porto Alegre. Todo o estado teve acesso às previsões de riscos geo-hidrológico providas diariamente, assim como outras mesorregiões de todo o país podem se municiar das previsões.
“Nenhum dos desastres que impactaram as comunidades e chocaram a população brasileira deixaram de ser alertados com antecedência pelo Cemaden. Em outras palavras, o uso da ciência e da tecnologia, por essa unidade de pesquisa do MCTI, é o exemplo típico de como a ciência pode ser traduzida em resultados práticos e relevantes para subsidiar ações de respostas", avalia Moraes.
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