Liceu de Artes e OfíciosReprodução

Rio – O Liceu de Artes e Ofícios anunciou que encerrará parte das suas atividades no fim desta semana devido ao acúmulo de dívidas ao longo dos anos. As turmas do ensino infantil e do ensino fundamental I – do 1º ao 5º ano – não existirão mais. As informações são do portal 'G1'.
A instituição, que existe desde 1858 e formou nomes importantes da cultura brasileira, como Cândido Portinari, Di Cavalcanti e Cauby Peixoto, enfrenta uma grave crise financeira, resultante de passivos trabalhistas e da falta de pagamentos por gestões anteriores do governo estadual.
“Deixamos de receber uma indenização contratual que o estado deve ao Liceu de Artes e Ofícios. O atual governo, até por força de liminar da justiça, tem pago mensalmente essa verba. O grande problema é que formou-se um passivo trabalhista muito grande dentro da instituição, e ele faz com que a verba ao entrar no Liceu seja bloqueada na própria fonte. Nós não estamos conseguindo receber esse dinheiro”, disse Paulo Frias, presidente da Sociedade Propagadora das Belas Artes, entidade responsável por manter o Liceu, em entrevista à Rede Globo.
Na entrevista, Paulo destacou a importância da instituição, localizada no Centro.
"Aqui se faz arte, se faz cultura, se ensina. A filosofia do Liceu é do ensino de qualidade para as camadas mais carentes da população. Aqui nós atendemos todos os alunos que nos procuram. É uma perda difícil de mensurar, não é simples mensurar o que representaria pra sociedade a perda do Liceu, o fechamento do Liceu de Artes e Ofícios", disse ele.
Segundo o G1, turmas do ensino médio e do ensino fundamental II já teriam sido extintas no passado, e agora restarão apenas cursos livres gratuitos, o pós-ensino médio e as aulas de alfabetização no período noturno. O anúncio foi feito em uma reunião na semana passada com pais e responsáveis.
"É muito triste, porque na verdade aqui no Centro a gente não tem muita opção de colégio com essa excelência. Com os profissionais, um colégio antigo, com um teatro maravilhoso, que oferece à comunidade a possibilidade de espetáculos", afirmou Aliny Touchon, mãe de alunos do Liceu, à Rede Globo.
Além da perda do ensino há uma preocupação em relação à manutenção de obras de arte e itens históricos que o Liceu mantém no acervo, como o livro de fundação que tem a assinatura da Princesa Isabel e uma mesa que pertencia a Dom Pedro II, doada à instituição pela Família Real.
Em nota, a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) informa que tem depositado regularmente a quantia determinada por decisão judicial e que, desde novembro de 2020, já foram R$ 3,87 milhões creditados à Sociedade Propagadora de Belas Artes. A última contribuição mensal realizada foi na última quarta-feira (7), no valor de R$ 178.881,28.