Jacaré é encontrado agonizando, ferido por anzol múltiplo na Lagoa de JacarepagúaReprodução

Rio - O biólogo Mario Moscatelli, que trabalha na recuperação do sistema lagunar da Baixada de Jacarepaguá, denunciou a morte de um jacaré de dois metros de comprimento na quarta-feira (14), vítima da caça ilegal. Moscatelli denunciou o crime às autoridades e alertou para o consumo da carne contaminada.

"O que está acontecendo, já há alguns anos, é que o sistema lagunar da Baixada de Jacarepaguá está sendo utilizado como safari. Pessoas caçam capivaras e jacarés para vender a carne da caça", diz o biólogo.
Jacaré é encontrado agonizando, ferido por anzol múltiplo na Lagoa de Jacarepagúa - Reprodução
Jacaré é encontrado agonizando, ferido por anzol múltiplo na Lagoa de JacarepagúaReprodução


A carne da caça ilegal, alerta Moscatelli, é contaminada por cianobactérias que produzem toxinas. "É uma carne que independentemente do tipo de preparo continua contaminada por contaminantes que são acumulativos". Isso quer dizer que o corpo não elimina as toxinas, que ao longo dos anos provocam efeitos adversos à saúde.


O animal foi encontrado agonizando nesta quarta-feira na Lagoa de Jacarepaguá por um trabalhador que faz a conservação do local. Ele estava com uma garateia, um tipo de anzol múltiplo. "Colocam a isca, o animal morde e fica entalado. Imagina a dor que isso deve gerar. Como esse era muito grande, ele conseguiu romper o cabo, mas acabou morrendo agonizando", conta.

Diante da situação recorrente, o biólogo alertou as secretarias de meio ambiente municipais e estaduais.

"No Rio de Janeiro estamos nos tornando exterminadores de símbolos. Primeiro foram os botos da Baía de Guanabara. E há várias décadas estamos exterminando os jacarés que dão nome para a Baixada de Jacarepaguá. Temos nomes de bairros e ruas associados a animais que eram abundantes e estão se transformando em bibliografia", critica.
O delegado titular da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, Wellington Vieira, afirmou que vai investigar o caso.
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou que a fiscalização para combater a caça ilegal é uma responsabilidade compartilhada entre a administrações municipal, estadual e federal, uma vez que, conforme preconiza a Lei Federal nº 9605/1998, essa prática configura crime ambiental. O órgão disse ainda que atua na infração, encaminhando a questão criminal às autoridades competentes.

"O órgão ambiental estadual ressalta que mantém fiscalização em diversas regiões do Estado, incluindo a região da Lagoa de Jacarepaguá, atuando com base em denúncias, para coibir a caça ilegal", disse em nota o Inea. A população pode denunciar crimes ambientais por meio da plataforma Fala Br: https://falabr.cgu.gov.br/
A Secretaria municipal do Ambiente e Clima informou que a Patrulha Ambiental aborda, constantemente, aspectos da educação ambiental, destacando a prática ilegal de caça e ataques a animais silvestres, inclusive, jacarés. "A equipe faz patrulhamento de rotina em pontos onde há maior incidência de jacarés, e os parques naturais municipais onde é possível encontrar o animal, dispõem de placas informativas sobre os cuidados que a população deve ter. Vale lembrar, ainda, que qualquer denúncia de maus-tratos ou situações de risco envolvendo animais silvestres devem ser registradas por meio do 1746. A Patrulha Ambiental atua 24 horas por dia, sete dias por semana", disse por meio de nota.