Marcia Mello conservadora do JBRJFoto: Divulgação

Rio - Imagens de vegetação nativa no bairro das Laranjeiras, pesquisadores na fazenda da antiga Varig, no município de Joia, no Rio Grande do Sul, o Leblon em 1925 e o Horto Florestal em 1942. Essas são algumas das preciosidades do acervo fotográfico do Jardim Botânico do Rio, que passa atualmente por processo de revitalização. Imagens feitas por cientistas que estiveram no Brasil, entre 1920 e 1940, momento de consolidação da biologia no país, também estão entre as raridades da coleção de grande valor histórico e científico.

No trabalho em curso de diagnóstico, higienização e acondicionamento do acervo fotográfico no Galpão de Acervo e Memória da instituição, serão investidos R$ 120 mil, recursos da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). 

Composto de 15 mil itens, o acervo testemunha as diferentes etapas das práticas científicas no campo da botânica no país, além de parte significativa da história da instituição. Aproximadamente 3,6 mil negativos rígidos em placas de vidro, produzidos entre 1900 e 1940, são o destaque da coleção. Historicamente, o Jardim Botânico organiza e participa de expedições, e o resultado das atividades encontra-se depositado no herbário, arboreto, biblioteca e acervo fotográfico da instituição.

"O acervo fotográfico do Jardim Botânico do Rio é histórico, de grande importância não só institucional como também da história das técnicas fotográficas praticadas desde o século 19. Tem um conjunto muito importante de negativos de vidro, em formatos diferentes. São objetos muito bonitos e muito raros. No país, há instituições que perderam esses negativos pela fragilidade. Felizmente, no Jardim Botânico, foram preservados, estão em sua maioria íntegros e precisam ser preservados", afirma a pesquisadora e conservadora de fotografia Marcia Mello, que coordena a equipe do projeto de restauração do acervo. 
Leblon 1925 - Foto: Divulgação
Leblon 1925Foto: Divulgação

O propósito de reconhecimento e valorização do acervo institucional pelo Jardim Botânico ganhou força a partir de dezembro de 2020, com a inauguração do Galpão do Acervo e Memória, área técnica destinada à reunião e acondicionamento desse material. Além disso, um novo e mais completo sistema de climatização para o espaço acaba de ser adquirido, com investimento de R$ 136 mil.

"Tamanha é a preocupação da instituição em preservar os diversos tipos de acervo que constituem seu patrimônio histórico-cultural que o Jardim Botânico implantou esse espaço tecnicamente preparado para abrigar as coleções. A área também acondicionará outros documentos históricos pertencentes a pesquisadores de suma importância para a instituição, como os do botânico João Geraldo Kuhlmann", declara a administradora Luciana Bonfante, da Divisão de Museu e Acervo.

O local também abriga os acervos de instrumentos científicos, arqueológico e mobiliário, para garantir a manutenção e manipulação seguras pela equipe técnica e pesquisadores internos e externos. Os mais de 10 mil itens do acervo do botânico João Geraldo Kuhlmann (1882-1958) passarão por restauração e serão acondicionados lá. O botânico deu grande contribuição para o conhecimento da flora brasileira e influenciou um grande número de pesquisadores.

"Para além da importância científica, o Jardim Botânico do Rio possui enorme valor histórico e uma coleção de acervos tão rica quanto diversa. A valorização e promoção desse legado reforça a importância da instituição e propicia o conhecimento e reconhecimento desse valor pela sociedade. Para formalizar e disciplinar esse trabalho, que envolve diversas ações e reúne todas as áreas da instituição, publicamos em fevereiro deste ano o Programa EcoMuseu do Jardim Botânico do Rio de Janeiro", destaca a presidente do JBRJ, Ana Lúcia Santoro.