Turistas visitam a estátua do Bellini, no Maracanã, com a camisa da seleção brasileira com o nome do Pelé. Pedro Ivo/Agência O Dia

Rio - Em meio a um misto de tristeza e admiração, cariocas e turistas fizeram homenagens ao Rei do futebol, nesta sexta-feira (30), em frente ao Maracanã. Pelé faleceu nesta quinta-feira (29), aos 82 anos, devido a complicações de um um câncer no cólon.

O ambulante Cláudio Henrique Silva, de 50 anos, que trabalha no entorno do estádio há cerca de 30, escolheu uma roupa especial para o dia de hoje: a camisa da seleção com o nome do Rei do Futebol como forma de homenageá-lo, mas reitera que o uniforme está sempre presente durante seus dias.

"Eu não vesti só hoje a camisa do Pelé não, eu visto ela porque eu trabalho em um ponto turístico há 30 anos, aqui na estátua do Bellini, no Maracanã. E o Pelé não é conhecido só por quem nasceu em Três Corações, ele é conhecido mundialmente e aqui vem pessoas do mundo todo", admitiu.

Para ele, além de uma linda homenagem ao Pelé, também é uma forma de marketing de suas vendas. De acordo com Cláudio, principalmente hoje, as camisas do Rei do Futebol estão vendendo bastante para os admiradores. Sob forte emoção, o ambulante falou ao Dia sobre a importância do futebolista não só para o esporte, mas para todos os amantes do futebol. Em meio ao choro, relembrou das conquistas de Pelé para o Brasil.

"Foi uma grande perda! Pelé é motivo de orgulho. Eu tenho como ídolo, eu também sou negro, igual ele, era difícil na época dele, ainda existe esse negócio de racismo, mas o Pelé nos deu um grande orgulho, sabe? O homem paralisou uma guerra por algumas horas por conta de partida de futebol. É o Pelé. É uma figura muito importante. Vou sempre lembrar dele na alergia, né, lembra dos golaços que ele fez", desabafou.

Na estátua do Bellini, localizada em frente ao estádio, diversas pessoas deixaram flores em homenagem ao astro. Além disso, também foram feitas pichações para Pelé, porém, a tintura foi retirada por profissionais da Comlurb.

"Hoje de manhã teve uma pessoa que fez um tipo de vandalismo, mas foi para o Pelé, né? Então, não levo como vandalismo. Picharam a estátua do Bellini com a frase 'Pelé eterno'", falou Cláudio.

Logo pela manhã, turistas encheram o local para homenagear o rei. Muitos deles vestiam a camisa da seleção com nome e número utilizados pelo craque. Entre eles, estava o brasiliense Marcello Reisman, de 50 anos, que veio ao Rio com a família. Ele contou que não iria sair nesta sexta por conta do mau tempo, mas quando soube que a excursão ao qual participa passaria pelo Maracanã, ele e o filho mudaram de ideia.

"Eu e meu filho somos torcedores do Flamengo. Nós não temos grandes times de futebol em Brasília, então nós torcemos pro Flamengo. E o Pelé foi jogador do Flamengo por um dia, né? Inclusive junto com o Zico", explicou.

Para ele, a importância do Rei é inquestionável desde seus 17 anos, quando conquistou a Copa do Mundo da Suécia. "Quem trouxe essa Copa de 58 para nós foi o Pelé, com dezessete anos de idade quando ganhou a Copa da Suécia, inclusive fazendo um gol dando dribles fora do normal para aquele tempo. Na verdade, o Pelé sempre construiu coisas novas no futebol. Com o falecimento, a gente fez questão de dar um pulo no Maracanã para homenagear e questão também de tirar foto com a estátua do capitão da seleção brasileira, o Bellini, que foi do primeiro título em que o Pelé, em Copa do Mundo, apareceu para a humanidade. Até então, ninguém imaginava que aquele menino de dezessete anos ia ser que foi", declarou.

Marcelo ainda admitiu que acredita que o Rei do Futebol merece não só uma estátua, mas diversas delas espalhadas por todo o Brasil em forma de homenagem ao que Pelé representou e representa para o esporte no Brasil e no mundo.

"Eu acho que tinha que ter um estátua do Pelé enorme lá na porta do Maracanã. Eu também acho que tem que ter uma estátua do Pelé em cada estádio brasileiro, por exemplo. Toda homenagem para o Pelé, na minha concepção, é pouca. A gente perdeu não o ídolo do futebol brasileiro, mas o ídolo do futebol mundial, o Rei Pelé", disse.
Fã de Pelé lembra do dia que ganhou dedicatória do rei
O guia turístico Paulo Henrique, de 62 anos, lembrou do dia que ganhou um livro autografado pelo rei Pelé, em 2016. O momento aconteceu durante a hospedagem do ídolo em um hotel em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Na ocasião, Paulo trabalhava como colaborador do hotel e cruzou com Pelé pelos corredores para dar boas-vindas. 
"Me aproximei e comecei a falar da minha admiração por ele. Conversamos por quase 1 hora e na despedida ele disse que queria me dar um livro sobre a vida dele. Foi uma emoção muito grande. Jamais poderia imaginar conversar com ele e ganhar uma dedicatória, logo eu que amo o futebol. Foi inacreditável. Por mais que eu entenda as causas da morte, não tem como negar que eu estou muito sentido com a passagem dele", desabafou Paulo. 
Paulo conta ainda que cultiva uma história de amor com o futebol por causa dos seus pais. Sua mãe, já falecida, fez parte da primeira torcida organizada brasileira, a Charanga Rubro-Negra, e seu pai era goleiro do Bangu na década de 50.
Pelé lutava contra a doença desde 2021, quando foi submetido à cirurgia, mas teve, no início deste ano, diagnosticadas metástases no intestino, no pulmão e no fígado, que complicaram seu quadro de saúde. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde o dia 29 de novembro para reavaliar o tratamento quimioterápico e tratar uma infecção respiratória.

Edson Arantes do Nascimento escreveu seu nome na história e virou ídolo nacional. A habilidade com a bola nos pés ganhou o planeta. Em campo, conquistou o status de Rei do Futebol, de Atleta do Século.
Estátua do Bellini

A estátua do capitão da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1958, Hilderaldo Luís Bellini, ou simplesmente Bellini, levantando a Taça Jules Rimet foi inaugura em frente ao Maracanã em 13 de novembro de 1960, em homenagem à primeira conquista mundial brasileira.

A estátua é, hoje, considerada um dos ícones do Maracanã e o mais famoso ponto do estádio. Segundo jornais da época, o monumento não é uma homenagem somente ao zagueiro, mas sim ao time campeão de 1958, que incluía Pelé, que venceu sua primeira Copa.