Valdir Júnior foi preso nesta segunda-feira (2) depois de mentir em depoimentoReprodução

Rio - O motorista de ônibus Valdir das Mercês Júnior, de 28 anos, preso suspeito de atropelar e matar o bombeiro Gilson Castro Silva, 58, em Copacabana, no domingo (1º), mentiu durante o seu depoimento na 12ª DP (Copacabana). Ele afirmou que a vítima tinha saído da frente do veículo antes de seguir viagem. No entanto, imagens gravadas por testemunhas dizem o contrário.
No domingo, dia em que aconteceu o crime, Valdir informou aos policiais que Gilson permaneceu, aproximadamente, por um minuto na frente do ônibus em que dirigia. Em seguida, a vítima teria caminhado para o lado esquerdo do veículo em direção a calçada. O motorista alegou que olhou pelos retrovisores e teve certeza que o bombeiro não estava ao alcance do ônibus. 
Ainda em seu depoimento, Valdir contou que acelerou o veículo lentamente e sentiu um peso na direção quando escutou populares solicitando que ele desse a marcha ré. O motorista ressaltou que fez isso e viu Gilson já caído ao solo.
No entanto, imagens divulgadas nas redes sociais mostram que as alegações feitas pelo motorista em depoimento são falsas. Na gravação, a vítima não sai da frente do ônibus e o motorista passa por cima do corpo do bombeiro.
Em conversa com o DIA, o delegado André Leiras, responsável pelas investigações da 12ª DP, contou que essa versão apresentada pelo motorista não pôde ser confrontada por ausência de testemunhas naquele momento. Contudo, após aprofundamento na investigação, foi constatado que o atropelamento foi intencional. Valdir irá responder pelo crime de homicídio doloso, quando há intenção de matar.
"Essa foi a versão que ele apresentou e que não pode ser confrontada por ausência de testemunhas naquele momento. Com o andamento das investigações, localização de testemunhas e análise de imagens, percebemos que a dinâmica do atropelamento foi intencional. 24 horas depois, conseguimos esclarecer a verdadeira dinâmica. Imediatamente, representei pela prisão temporária dele", explicou o delegado.
O motorista ficará preso por até 30 dias esperando o final da investigação. Questionado sobre as medidas tomadas em relação ao motorista, o consórcio Rio Ônibus respondeu que o motorista, que trabalhava desde 2017 na linha Troncal 01, foi afastado de suas funções.
"A empresa lamenta o ocorrido, e está colaborando com informações para a realização da perícia técnica", disse em nota.
Relembre o caso
O crime aconteceu por volta das 5h15 na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, na altura da Praça do Lido. O trânsito no local estava bloqueado até as 5h devido ao Réveillon realizado na praia de Copacabana. 
Segundo o Corpo de Bombeiros, equipes do quartel de Copacabana chegaram no local e encontraram a vítima já em óbito. Testemunhas disseram que o homem chegou a ser arrastado pela roda do veículo. Em nota, a Corporação lamentou a perda do subtenente.
“A corporação se solidariza com parentes e amigos do militar, que ingressou no CBMERJ em 1991 e atualmente estava na Reserva Remunerada. Psicólogos e assistentes sociais estão à disposição para dar suporte para a família, neste momento de dor. O Corpo de Bombeiros agradece à Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro pela pronta investigação que permitiu a prisão do responsável”, disse o comunicado. 
Daiana Grazielly, amiga de Gilson, também lamentou a morte do bombeiro. De acordo com ela, o homem apoiou o ingresso dela no Corpo de Bombeiros e era um ser humano incrível com vontade de ajudar a todos.
"Estamos desolados e em pedaços. Ele era amado por todos, e estava sempre feliz. É difícil ainda de acreditar. Nós, família, amigos e o Corpo de Bombeiros estamos muito tristes. Sei que nada irá trazer meu amigo de volta mas queremos Justiça. Isso não pode virar mais uma estatística", contou.
O sepultamento do bombeiro está marcado para esta quarta-feira (4) no Cemitério de Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte do Rio. O velório tem previsão de começar às 14h e o sepultamento às 16h.