Bolsonaristas montaram um acampamento na área do Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do LesteRedes sociais

Rio - O Ministério Público Federal (MPF) pediu ao Exército que adote "providências urgentes" para desmobilizar e desocupar o acampamento bolsonarista instalado na frente do Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste, no Centro do Rio, após ataques contra à democracia em Brasília neste domingo (8).

"Requisito a Vossa Excelência que adote imediatamente todas as providências necessárias para promover a desocupação do acampamento situado em área contígua ao prédio desse comando, inclusive mediante auxílio da Polícia Militar e outras forças de segurança, informando, no prazo máximo de 12 horas, o resultado de tais medidas", diz o ofício assinado pelo procurador Regional dos Direitos do Cidadão, Júlio José Araújo Júnior.

O documento foi endereçado ao general André Luís Novaes de Miranda, do Comando Militar do Leste. No pedido, o procurador cita a possibilidade de novos "atos golpistas", depois do ocorrido na capital do país.

"Apoiadores do Presidente Bolsonaro permanecem incentivando a invasão de áreas públicas, a exemplo da área contígua do Comando Militar do Leste, para pleitear um suposto direito à intervenção das Forças Armadas no processo eleitoral, sob o não comprovado pretexto de fraude, e defender pautas de ataque ao Estado Democrático de Direito".
Na tarde deste domingo, um vídeo foi publicado nas redes sociais mostrando bolsonaristas mobilizados, aos fritos de "Forças Armadas, honrem essa farda", em frente ao Palácio durante os ataques em Brasília.


Invasão em Brasília

O grupo de manifestantes que invadiu as sedes dos três Poderes neste domingo (8) em Brasília, deixou um cenário de destruição no Supremo Tribunal Federal (STF), um dos principais alvos dos ataques de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro nos últimos anos.

O plenário da Corte foi invadido e o local, depredado. Cadeiras dos ministros e o brasão da República, que estava fixado no local, foram arrancados por manifestantes. "Supremo é o povo" foi uma das frases usadas durante a invasão.

Depois que os invasores já estavam nas dependências no STF, a Força Nacional começou a enfrentar o grupo para desocupar o prédio do tribunal. Um helicóptero da Polícia Federal passou a sobrevoar a área e, do alto, disparar bombas de gás contra os radicais.
Primeiro prédio invadido pelos extremistas, o Congresso sofreu depredações. Um dos locais destruídos foi a liderança do PT na Câmara. Um grupo também ocupou o plenário do Senado. A invasão do prédio do Legislativo começou com o cerco pela multidão que veio em marcha do Quartel General do Exército. Sem encontrar um policiamento suficiente, os radicais entraram pelo Salão Negro do Congresso. De lá, acessaram o plenário do Senado.
Um dos vídeos mostra o momento em que dois homens fazem chacota com o plenário da Casa vazio. "Tá vendo gente, a falta de compromisso com os políticos, mas olha quem eu achei, quem está trabalhando", diz um homem que está filmando. Ele mostra um invasor sentado na cadeira do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). "Boa tarde, Brasil, estamos aqui no expediente de domingo. Vou mandar recado por escrito: supremo é o povo", grita o extremista na cadeira de Pacheco.
Outros locais do Congresso foram depredados. Houve um princípio de incêndio em uma das salas. Pouco depois das 18h, a Polícia Militar agiu para desocupar o prédio.
Por causa da barbárie promovida pelos radicais bolsonaristas, o presidente Lula decretou a intervenção federal na segurança pública na capital federal, já que as forças responsáveis pela segurança não entraram em ação.  O objetivo é conter o grande comprometimento da ordem pública do estado, marcado por atos de violência. Fica nomeado para o cargo de interventor Ricardo Garcia Cappelli.
"Todos estão sendo encaminhados ao edifício-sede de nossa instituição. Estão sendo identificados e ouvidos nos autos do inquérito que investiga todos os atos criminosos ocorridos esta tarde na Esplanada dos Ministérios", informou a Polícia Civil do DF.

Boa parte dos bolsonaristas radicais que invadiram e destruíram o interior do Palácio do Planalto e do STF foram presos dentro dos próprios prédios por integrantes da Polícia do Exército, no segundo andar. Os terroristas deixaram para trás um rastro de destruição, quebrando TVs, telefones, móveis e até mesmo obras de arte, como um quadro de Di Cavalcanti, que teve a tela perfurada.