Policiais à paisana realizaram a prisãoReprodução / Mídias Sociais

Rio – Policiais civis do Rio Grande do Sul prenderam, nesta segunda-feira (16), em um restaurante na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, o homem considerado o foragido número um do estado e procurado pela Interpol. Os agentes estavam à paisana no momento da ação, vestindo camisas de futebol do Botafogo e do Flamengo.
O preso, que foi levado no mesmo dia ao Rio Grande do Sul, estava desde o primeiro semestre de 2022 escondido em Orlando, nos Estados Unidos, mas voltou ao Brasil na última terça-feira (10) e acabou sendo identificado por agências de inteligência. O Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), da polícia gaúcha, descobriu o condomínio de luxo em que ele estava escondido, na Zona Oeste do Rio.
De acordo com o delegado Gabriel Borges, da 3ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico (DIN) do Rio Grande do Sul, o investigado começou no mundo do crime há pouco mais de uma década, praticando estelionatos e se aproximando de grandes lideranças em razão de vínculos parentais. Ainda segundo o delegado, devido ao conhecimento e articulação do homem, ele rapidamente ascendeu nesse mundo, passando a cometer também outros crimes patrimoniais e fazendo uso de pedras preciosas para lavar dinheiro.
O preso era piloto de corrida e piloto de aeronaves, e dessa forma teria também ingressado no esquema do tráfico internacional de drogas, atuando principalmente no transporte de cocaína de países produtores, como Peru e Bolívia, ao estado sulista, crime que levou à sua prisão em 2021 durante uma investigação do Denarc. Apesar disso, em abril de 2022 ele obteve uma ordem judicial de soltura e conseguiu fugir do país.
Nos Estados Unidos, de acordo com a Polícia Civil, ele montou a sua base logística e se aliou a um americano para criar uma empresa de aluguéis de carros, usada para lavagem de dinheiro. No país ele vivia uma vida luxuosa, fazendo viagens em barcos de alto padrão e frequentando locais de encontro de celebridades.
Com a ramificação de seus contatos e aumento da base logística, o homem teria aumentado de forma exponencial a sua capacidade operacional. Atualmente, ele seria responsável por introduzir mais de 400kg de cocaína por semana no estado sulista.
No ano passado, ele foi um dos principais alvos da operação Kraken, na qual mais de 1.300 agentes cumpriram 1.368 ordens judiciais contra a maior organização criminosa do Sul do país. A Polícia Civil do Rio Grande do Sul afirma que o investigado exerce papel de liderança na organização, fato que levou à sua inserção na lista de procurados da Interpol, sendo o coordenador do esquema de distribuição de cocaína em via aérea no estado e responsável pelo transporte e tráfico de armas de fogo de guerra, como metralhadoras .50 com capacidade de derrubar aeronaves.
Após investigação, que revelou a extensão dos atos do homem no tráfico de drogas, foi determinado o sequestro judicial de 38 imóveis e 115 veículos dele, além de duas aeronaves utilizadas no transporte de cocaína, que era feito através de rotas e pistas clandestinas. Foi apurada também uma conexão do alvo com o Cartel Mexicano de Sinaloa, sendo descoberto que um dos seus contatos transportava cocaína pela América do Sul e Central em um submarino.
Ainda segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, o homem foi avistado em novembro de 2022 em um aeroporto no exterior, já com seu alerta na difusão vermelha da Interpol, mas percebeu que estava sendo monitorado e fugiu, abandonando as malas e não sendo mais localizado.
Já em dezembro de 2022, ele foi novamente visto, dessa vez sendo abordado em um barco de luxo na Guiana com mais três brasileiros. Por circunstâncias desconhecidas, o homem conseguiu, mais uma vez, fugir das autoridades.