Motorista socorreu grávida e acabou ajudando no partoReprodução/Redes Sociais

Rio - Um dia após fazer o parto de um bebê na escada do ônibus que dirige, um coletivo da linha 803 (Senador Camará x Taquara), Anderson Duarte confessa ainda tentar administrar o turbilhões de emoções que vieram à galope. Pai de duas meninas, o motorista conta que viveu uma das maiores emoções de sua vida e que o acontecido ajuda a preencher o vazio de não ter podido presenciar o nascimento de uma de suas filhas.
"É uma bênção ajudar uma vida a vir ao mundo. Até agora ainda estou tentando racionalizar tudo que aconteceu. É muita coisa boa vinda ao mesmo tempo, graças a Deus. Minha família está orgulhosa, meus colegas de trabalho me parabenizaram. É algo que jamais vou esquecer", comentou ele, que complementa: "Foi algo até mais emocionante do que o nascimento da minha filha mais nova, de quem eu assisti ao parto, porque foi programado, tudo nas mãos de Deus e dos médicos. Agora o que aconteceu comigo foi situação que eu nunca pensei que passaria na vida, afinal, sou motorista, jamais imaginei que um dia poderia ajudar alguém assim. Eu parei para ajudar sem saber que ela estava grávida, foi num estalo. Quando eu vi, a criança já estava saindo. Só tive tempo de segurar com firmeza", disse.
Motorista socorreu grávida e acabou ajudando no parto - Reprodução/Redes Sociais
Motorista socorreu grávida e acabou ajudando no partoReprodução/Redes Sociais
Anderson conta que, em um primeiro momento, a criança não chorou e ele ficou preocupado que ela pudesse engasgar de alguma forma. Quando a pôs de lado, ela começou a chorar, o que, segundo ele, o emocionou muito.
"Confesso que não dormi direito. Na hora, a gente não pensa. Depois que passa, a gente não tira da cabeça o momento, pensa na família, é muito doido", relatou.
A situação aconteceu quando Anderson topou socorrer uma jovem que aparentava passar mal na Avenida Santa Cruz, em Senador Camará, na Zona Oeste do Rio, na tarde da última terça-feira (24). Segundo ele, a jovem tentou parar um táxi, sem sucesso, e encostou para que ela pudesse embarcar e levá-la até uma UPA mais próxima.
Contudo, ao subir no ônibus, ela se deitou no chão, ainda nas escadas do coletivo. De tanta dor, Anderson contou que a mulher não conseguia, sequer, responder as perguntas que ele fazia. Ao notar que ela estava grávida, ele a ajudou a tirar o short e viu que a criança já estava nascendo.
Após o ocorrido, Anderson conseguiu deixar a jovem no Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, em Bangu, também na Zona Oeste, para que ela e o bebê recebessem cuidados dos profissionais de saúde.
Ele relatou que a mãe não sabia qual era o sexo do bebê e, como forma de agradecimento, pediu que o motorista escolhesse um nome para o recém nascido.
"Ela até me perguntou que nome eu gostaria para dar para o bebê, mas na hora, estava tão nervoso, que não consegui pensar em nada. Ela me perguntou o meu nome e disse que era Anderson. Agora, com calma, lembrei de João, que era o nome que pensei em dar para o meu bebê, se fosse menino", contou.
Em resposta à reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde informou que mãe e bebê passam bem.
Anderson disse que tentou visitá-los no mesmo dia, mas, como não estava em horário de visita, não pôde entrar. Ele promete voltar nesta quarta e conferir se, além de ganhar histórias para contar para a vida toda, também ganhou um xará.