Dona Vera Jorge, 66, recebeu reforma na sua casa na Vila do João, na Maré, Zona Norte do RioDivulgação

Rio - Moradores de seis complexos de favelas do Rio receberam reformas em suas casas nos últimos cinco meses. A Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria de Ação Comunitária, entregou 1,5 mil casas reformadas pelo Projeto Casa Carioca, que integra o programa 'Favela com Dignidade'. Na primeira fase, foram escolhidas famílias nos complexos da Penha, Alemão, Maré, Jacarezinho, Morro da Providência e Vila Kennedy.

A partir deste ano de 2023, estão previstas intervenções em casas na Rocinha, Cidade de Deus, Complexos do Chapadão, Lins e Pedreira. A expectativa é que 20 mil casas sejam beneficiadas até 2024. A secretária de Ação Comunitária, Marli Peçanha, destaca que o trabalho tem um olhar especial para quem precisa de acessibilidade em casa.

"Faço com que as pessoas se sintam inseridas na cidade por benfeitorias dentro das suas casas, como troca de janelas, piso, telhado, vaso sanitário. O mais importante é que temos um carinho especial com quem precisa de acessibilidade. Colocamos barra no banheiro, guarda-corpo. A ideia é que o projeto devolva dignidade a essas pessoas esquecidas", afirma Marli Peçanha.

As obras trazem ventilação com abertura de janelas e basculantes, colocação de portas, instalação de módulos hidrossanitários, adaptabilidade em banheiros para pessoas idosas e com deficiência, instalação elétrica, pinturas e emboços.


A moradora da Vila do João dona Vera Jorge, de 66 anos, é uma das 504 beneficiadas no Complexo da Maré. Ela vive há mais de 25 anos no lugar e descreveu a obra como uma bênção. A moradora está na Maré desde os tempos em que as casas ficavam sobre palafitas na comunidade.

"Já está reformada (a casa). Foi uma maravilha, uma bênção de Deus. Eu sou do tempo da palafita da Maré. Eu fiquei muito feliz que a casa ressuscitou. Não tem onde botar alegria”, comemora.

Na Vila Kennedy, onde 101 famílias foram beneficiadas com o projeto, as irmãs Rafaela e Gabriela Pereira estão com as casas em obras. Elas também comemoraram a intervenção e esperam que suas moradias fiquem protegidas das chuvas daqui pra frente. Gabriela Pereira Miranda, 27, se mudou para a comunidade aos 12 anos e hoje mora com o marido e dois filhos. "Foi maravilhoso o projeto. A casa estava precisando de muita reforma. Quando chovia, molhava tudo dentro de casa", conta.

A irmã Rafaela Pereira dos Santos, 32, conta que o filho Miguel, que vai fazer dois anos, enfrenta crises respiratórias agravadas pela umidade no imóvel. "Não tinha nada a casa. Era só no tijolo. Era muito úmida para o bebezinho", conta a manicure que mora com o marido e os quatro filhos.

As famílias foram selecionadas pelo Instituto Pereira Passos, através do Programa Territórios Sociais. Os beneficiados precisavam ter renda mensal de até três salários-mínimos e serem cadastrados no CadÚnico, além de residirem há pelo menos três anos no município e possuírem um único imóvel fora de área de risco.
Foram priorizadas famílias que têm mulheres como chefes de família; membros idosos; pessoas com deficiência; pessoas portadoras de doenças graves; e maior número de dependentes (igual ou maior que três habitantes utilizando o mesmo cômodo).

O projeto Casa Carioca gera mais de 500 empregos diretos nas favelas e comunidades. A secretária Marli Peçanha afirma que 30% dos funcionários dos Complexos da Penha e da Vila Cruzeiro deixaram o tráfico de drogas para trabalhar nas reformas.

"No Alemão e na Penha, empregamos trabalhadores da comunidade: pedreiros, ladrilheiros, eletricista. 30% dos nossos funcionários abandonaram o tráfico para trabalhar. Isso nos gratifica demais. Estou me sentindo lisonjeada e muito feliz com a oportunidade da ação", afirmou a secretária Marli Peçanha.

A Secretaria informa que na primeira fase do projeto foram contratadas reformas no valor de R$ 16 milhões para 8 mil casas na Providência, Maré, Vila Kennedy, Penha, Alemão e Jacarezinho. Em cinco meses, foram entregues 1.547 obras. Para as próximas 6.453 obras restantes serão empenhados mais R$ 112 milhões. Para a segunda fase serão licitadas 12 mil casas nas comunidades da Rocinha, Cidade de Deus, Chapadão, Lins e Pedreira. O total do projeto custará em torno de R$ 300 milhões.