Protestantes levaram uma faixa com os dizeres "SOS Camelô"Divulgação

Rio - Trabalhadores informais denunciam agressões por parte da Guarda Municipal durante a execução do programa Operação Verão, na Zona Sul. Em entrevista ao DIA, Maria dos Camelôs, coordenadora do Movimento Unidos dos Camelôs (Muca), afirma que o Poder Público enxerga a classe como uma "sujeira a ser varrida" na cidade e diz que a violência relatada nos últimos meses precisa parar antes que alguém perca a vida.
De acordo com Maria, a Muca cobra que o prefeito Eduardo Paes (PSD) cumpra o que, segundo ela, o então candidato prometeu que a prefeitura cuidaria dos camelôs e cessaria os conflitos com a Guarda Municipal.
"Nós temos áudios do prefeito, durante a campanha, prometendo à associação que a prefeitura trabalharia na organização dos camelôs, que a Guarda não mais sairia pra bater em trabalhador. No entanto, na madrugada de segunda-feira (23), eu estava dentro da UPA de Copacabana dando assistência a dois colegas que foram agredidos: um por uma arma de choque elétrico e outro com um corte na cabeça que precisou levar ponto. O que precisa acontecer para isso ter um fim? Alguém acabar morrendo?", disse.
Ainda segundo a coordenadora, nenhum dos dois camelôs teria recebido comprovante de atendimento e o que recebeu a descarga elétrica teria entrado pelos fundos da unidade.
Procurada, a Secretaria Estadual de Saúde, gestora da UPA de Copacabana, não retornou nosso contato até o fechamento desta reportagem.
Deputada estadual se posiciona
A deputada estadual Renata Souza (PSoL) usou as redes sociais para divulgar um vídeo, feito na última terça-feira (24), de agressão a um camelô e cobrar do prefeito Eduardo Paes explicações do porquê dessa atitude por parte da Guarda Municipal. No vídeo, dois guardas abordam um ambulante na Avenida Princesa Isabel, em Copacabana. Em dado momento, após o camelô, agredir verbalmente os servidores, os dois partem para cima do homem munidos de cacetetes e armas de choque.
"Chega de esculacho com o povo, @eduardopaes", dizia o final da publicação no Twitter.
"A Operação Verão é para varrer para debaixo do tapete a "sujeira". Ou seja: camelôs, pessoas em situação de rua, tudo isso para que o turista que vem conhecer a "Cidade Maravilhosa" não se depare com a real face dela, um lugar lindo, sim, mas que tem problemas. Somos trabalhadores. Estamos ali para vender a mercadoria que compramos legalmente e levar comida para os nossos filhos", afirmou Maria.
Na tarde da última quarta-feira, os camelôs fizeram um protesto pacífico em frente ao Copacabana Palace, famoso e luxuoso hotel no bairro da Zona Sul, para se manifestar pelo direito que reivindicam de trabalhar sem serem cerceados, segundo relatam.
Até o fechamento dessa matéria, a reportagem não obteve resposta da Prefeitura do Rio nem em relação à citação ao prefeito e nem a respeito do comportamento da Guarda Municipal para com os camelôs. Contudo, o espaço segue aberto para que se posicionem.