Diante de homenagens e sob forte emoção dos amigos e familiares, o corpo do soldado paraquedista Alesson Guilherme Gomes de Santana, de 25 anos, foi enterrado, na manhã desta quarta-feira (1º), no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, Zona Oeste do Rio. Marcos Porto/Agencia O Dia
O sepultamento começou por volta das 9h e contou com cerca de 100 parentes, amigos e militares que, bastante emocionados, se despediram de Alesson pela última vez. O caixão com o corpo do soldado, que integrou a divisão de paraquedistas por sete anos, foi carregado por parentes e militares do Exército até o local do enterro.
A cerimônia foi marcada não só pela dor da família, mas também pelas homenagens dos colegas de farda, todos bastante comovidos. Durante o enterro, os amigos colocaram brevês, os distintivos dos paraquedistas, em cima do caixão em homenagem ao militar.
Bastante emocionado, o primo de Alesson, Pablo Santana Berlini, vigilante, de 42 anos, alegou ter tido acesso às imagens das câmeras do local do crime, que registraram as circunstâncias da morte, e foi enfático ao afirmar que o militar não ameaçou o autor dos disparos.
"Eu vi as imagens, vi toda a ação, então falo e afirmo aqui, até ontem tinha a suposta informação de que meu primo teria sacado a arma e tirado satisfação com o rapaz, mas eu posso afirmar, não foi nada disso. Algumas mídias erradas estão falando que ele foi lá e voltou para revidar, para ameaçar, é mentira", afirmou.
Berlini criticou o despreparo do policial e a suposta atitude impulsiva dele, em atirar sem ter sido ameaçado. Segundo ele, as imagens vão provar que o paraquedista não apontou nenhuma arma durante a confusão.
"O que esse suposto policial que, para mim, não é policial, e sim um cara totalmente sem preparo, falou que ele voltou e apontou a arma, mentira, as imagens vão jogar tudo por terra o que ele falou. O meu primo simplesmente errou, beleza, errou, mas o que ele fez foi pegar a arma e colocar na cintura. E virou para subir, deu cinco passos para alcançar o meio fio do outro lado da rua", relatou.
Para o primo, Alesson errou ao ter colocado o simulacro de pistola na cintura, mas nenhum motivo justifica a ação do agente da PM. Na opinião dele, o correto seria ter abordado o paraquedista e dado voz de prisão ao rapaz.
"Nisso, um suposto segurança grita que ele estava armado e, sem pensar duas vezes, esse, não vou falar nem que é um policial, porque, para mim, pelo que ele fez, ele não é. O policial de verdade protege a sociedade. Mesmo que meu primo tenha errado, ele tinha que abordar meu primo, enquadrar, falar 'perdeu, está preso'. Meu primo errou de ter colocado a arma na cintura, mas ele não foi tirar satisfação, ele não apontou, não voltou para discutir. Eu afirmo isso aqui", finalizou.
De acordo com informações iniciais, a confusão começou depois que o paraquedista urinou no carro do policial militar Vinicius de Carvalho Serrão, que estava de folga.
O dono de veículo flagou a atitude do rapaz e os dois discutiram. Segundo o autor dos disparos, ele foi ameaçado por Guilherme com um simulacro de pistola.
Em depoimento, o PM disse que reagiu à ameaça por achar que a arma era de verdade. Após ferir o soldado, Vinícius acionou o Corpo de Bombeiros, que socorreu a vítima ao Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste, onde veio a óbito.
Policiais do 14º BPM (Bangu) também foram acionados para verificar a entrada do militar na unidade de saúde e constataram o fato. Na ação, eles apreenderam o simulacro de pistola.
A 2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) acompanha a ocorrência. O crime está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que realiza diligências e analisa imagens de câmeras para descobrir as circunstâncias do caso.
O autor dos disparos foi encaminhado por policiais militares à delegacia, onde foi preso por homicídio.
Procurado, o Comando Militar do Leste (CML), autoridade superior do exército no Rio, divulgou um comunicado se solidarizando com a família da vítima e informando que está auxiliando os parentes.
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