Fiéis lotam praia do Arpoador zona sul do Rio de Janeiro, na tarde dessa quinta-feira dia (2) para o cortejo de Iemanjá.Érica Martin/ Agência O Dia

Rio - O Dia de Iemanjá, nesta quinta-feira (2), é comemorado no Rio, especialmente nas praias das zonas Sul e Oeste. A rainha do mar é celebrada nas religiões de matriz africana e representa a mãe das cabeças, quem governa todos nas marés baixas e altas. Neste ano, os organizadores pedem que os devotos levem materiais biodegradáveis para evitar a poluição nas águas.

No Arpoador, na Zona Sul, se reuniram representantes de casas de umbanda e candomblé de linhagens centenárias, além de grupos de jongo, afoxé, samba e maracatu. O evento iniciou a partir das 15h e vai até as 22h, e conta com o incentivo do Programa de Fomento à Cultura Carioca (Foca), da Secretaria Municipal de Cultura.
Um dos organizadores do evento é o Pai Dário Babalorixá Ilê Asé Onixegum que reforçou a importância da celebração para mostrar a ancestralidade e trazer de volta a imagem da Iemanjá preta.

"É de extrema importância ter uma celebração porque Iemanjá pra gente, mal comparando é como Nossa Senhora Aparecida para os católicos, todo mundo conhece, muitos são devotos, e o mais importante ainda é que estamos resgatando Iemanjá preta, porque durante muito tempo ela era representada como branca, mas e ela é uma deusa africana. E mais importante ainda é resgatar a origem das pessoas que começaram com isso na década de 40 e além de uma festa é um resgate de uma tradição, a gente entrega os presentes ao mar, que flores biodegradáveis, o que é ecologicamente correto porque temos compromisso com o meio ambiente também", disse.

O evento idealizado pelo músico Marcos André, de família umbandista e praticante do candomblé, que atua há 27 anos em quilombos de jongo do Vale do Café e em projetos culturais em Madureira, mobilizou cerca de 120 mestres, líderes religiosos, artistas e filhos de santo, integrantes de dez grupos grandes, para o ritual na rede de comunidades tradicionais que coordena.

Liderado pelo Mestre Bangbala, 103 anos, o ogan mais antigo do país em atividade e patrono da celebração, o evento irá promover um mutirão de limpeza das areias e pedras ao redor da celebração.

"Todas as oferendas são biodegradáveis. Pedimos ao público que não leve plástico, vidro ou madeira. É uma saudação à Rainha do Mar, à sua morada e às forças da natureza. Somente flores e frutas serão oferecidas", afirma Mestre Bangbala, afinado com os novos tempos da sustentabilidade.

Ainda nesta quarta, a Prefeitura do Rio fez uma singela homenagem a rainha do mar nas redes sociais.


História da celebração

Em 1923, há exatos 100 anos, com os peixes escassos na Praia do Rio Vermelho, em Salvador, 25 pescadores resolveram levar presentes a Iemanjá, pedindo fartura e prosperidade. O pedido foi atendido e, a partir daí, todos os anos um número crescente de barcos saem, sempre nesta data, com oferendas ao orixá de matriz africana mais cultuado do Brasil.