Obra é exaltação a Maria CongaReprodução

Rio - O busto em homenagem à líder quilombola Maria Conga, instalado no Píer da Piedade, em Magé, foi vandalizado com símbolos nazistas, no último fim de semana. Inaugurado em novembro de 2021, o monumento teve sua placa de identificação furtada e riscos feitos na parte frontal da peça.
A imagem do busto vandalizado com o símbolo da suástica vem sendo compartilhada na internet. A ação gerou revolta de ativistas, moradores e adeptos das religiões de matrizes africanas.
Em suas redes sociais, a vereadora do Rio Thais Ferreira, cobrou punição aos responsáveis pelo crime de vandalismo. "Maria foi uma princesa africana escravizada no Brasil. O ataque ao busto em sua homenagem é um ataque a história de resistência dos nossos ancestrais. Esse crime racista não pode ficar impune", compartilhou.
Outra parlamentar da Câmara do Rio, a vereadora Bene Briolly também comentou sobre o ataque ao busto da líder quilombola e questionou até quando crimes como esses irão acontecer.
"Não dá pra deixar de se manifestar mediante a uma atrocidade dessa, afinal a naturalização e romantização do nazismo tem se instalado cada vez mais", comentou com a parlamentar.
Em nota, a Prefeitura de Magé repudiou o ato de vandalismo contra o monumento, com menção ao nazismo. "O governo municipal ressalta que se orgulha de ter instalado, em novembro de 2021, o busto da líder quilombola Maria Conga em um dos pontos turísticos mais frequentados do município de Magé, para perpetuar a importância significativa dessa personagem histórica", pontuou.
O prefeito de Magé, Renato Cozzolino, falou ainda da importância das políticas públicas de igualdade racial que vem sendo promovidas pelo município.
"O município de Magé tem sido referência no âmbito de políticas públicas de igualdade racial, destacando-se como pioneiro na implementação de disciplinas no currículo escolar voltadas para a temática. E nossa cidade vem tendo bastante êxito no tocante ao investimento em políticas públicas, com ações de valorização do seu patrimônio cultural afrocentrado, de escuta sensível a grupos afrorreferenciados, além de já estar com o processo em curso de implementação da primeira unidade escolar quilombola da Baixada Fluminense. Por isso entramos no Pacto Estadual de Combate ao Racismo e Promoção da Igualdade Racial – Rede de Cidades Antirracistas que está alinhado aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), e também tem parceria com a Unesco", reforçou Cozzolino.
A obra
O busto é uma obra da artista mageense Cristina Febrone e exalta a história de Maria Conga. Líder e guerreira, ela chegou ao Brasil escravizada e retirada de seu país de origem, o Congo. Ela nasceu em 1792, filha de um rei africano, mas foi embarcada em um navio negreiro que a trouxe para a Bahia em 1804.
Aos 18 anos, Maria Conga foi vendida a um senhor de engenho de Magé e, aos 24 anos, foi comercializada novamente. Teve sua alforria decretada aos 35 anos, quando fundou o quilombo Maria Conga, reconhecido pela Fundação Palmares na cidade, para proteger, ajudar e cuidar dos negros que fugiam das senzalas da região.