Anilson trabalha em festas e desfila em blocos de rua no carnavalMarcos Porto/Agencia O Dia

O start na folia foi dado e os foliões já ocupam as ruas com suas fantasias e marchinhas. Em fevereiro, há quem prefira os blocos nas avenidas, mas também há aqueles que fogem do agito a qualquer custo. De acordo com a RioTur, neste ano foram 613 blocos inscritos, com 415 registrados e previsão de 456 desfiles. A expectativa do órgão é de que cinco milhões de pessoas circulem pela cidade no período do Carnaval.
A publicitária Andressa Couto, de 36 anos, não gosta da tradição da rua e escolhe pular o seu Carnaval em festas fechadas por causa da organização e da segurança. Além de possíveis perigos da folia de rua, ela cita também o problema do calor.
"Não vejo segurança e não gosto de marchinha. A maioria é meio que a mesma coisa, muito perrengue, calor. Opto por curtir alguma coisa mais privativa, que ofereça mais segurança, diversão e conforto também".
A publicitária prefere pegar esses dias de recesso para viajar e fazer algo mais tranquilo. "Nunca fui muito fã de carnaval. Não tem muita novidade e o trajeto dos desfiles são os mesmos, principalmente no Centro. Eu trabalho lá todo dia e não gosto", comentou ela.
Juliana Schultz, sócia da agência Vibra e uma das idealizadoras do Festival Auê, contou que desde adolescente sentia falta de um programa à noite durante o Carnaval, que reunisse shows, blocos e festas.
"A gente adora curtir a festa de rua, a Sapucaí e tudo que envolva a cultura e a música popular brasileira. Antigamente, sentíamos falta de um evento que fosse a nossa cara e identidade, então, como somos mulheres, nos sentimentos mais protegidos em um local seguro, de fácil acesso e coberto para caso de chuva. Nós vemos a nossa festa como uma opção para quem curte tudo que envolva a carnavalidade".
Para Juliana, todos os tipos de programas para comemorar a festa são válidos.
"Na nossa festa parte do público curte bloco de dia e vai direto para o evento à noite. E tem também a galera que prefere curtir um programa mais tranquilo de dia e curtir uma festa à noite. Como a programação é bem diversa, acabamos atraindo vários perfis de público de diferentes estados, idades, entre outros".
A psicóloga Dara Gonçalves, 27, dá prioridade às festas mais fechadas por causa do conforto e da qualidade do evento.
"Eu gosto de festa privada por causa da vibe do pessoal e também porque acho mais seguro, principalmente por ser mulher. A gente já vive um assédio rotineiro, é melhor curtirmos um evento em um lugar fechado para que isso não aconteça. Além do mais, geralmente a programação é mais atraente também, em termos de música, e com maior conforto. Sem contar que muitas têm até open bar, o que facilita a preferência".
A festa do Carnaval é para todos e, por isso, Edu Machado, de 37 anos, advogado, escolhe comemorá-la seguindo todos os blocos. "Para mim, esse período é a mais pura manifestação popular em sua essência. É a personificação da palavra diversão, libertação, mas que para mim, assim como para muitos, também é uma forma de trabalho".
Edu é musicista do Vem Cá Minha Flor e de outros cortejos que desfilam pelas ruas do Centro do Rio.
"No carnaval em geral, o mais mágico pra mim é ver as pessoas na rua brincando, se divertindo, se fantasiando, pessoas com empregos chatos e responsabilidades diárias, classes sociais diferentes, tudo junto, tocando, pulando, se divertindo como se não houvesse amanhã", finalizou o folião.
 Turma que prefere blocos
Uma das fundadoras do bloco Céu na Terra, tradicional de Santa Teresa, há 25 anos, no Centro do Rio, Bianca Leão, de 48 anos, não esconde a felicidade que é a festa na rua. "Costumo dizer que estávamos no lugar certo, na hora certa. No final dos anos 90, não havia o hábito de sair para brincar em blocos de rua. As pessoas não usavam fantasias, somente em bailes de salão. Nosso grupo nem ficava no Rio durante o carnaval". 
Bianca também afirmou que sentia falta das brincadeiras e da magia da época. "A partir dessa vontade, decidimos ficar no Rio um período e sair pelas ruas do nosso bairro levando elementos cênicos do nosso grupo. Nosso bloco foi o primeiro a ter perna de pau em 2001, por exemplo. Nascemos com uma pegada circense e sempre inspirados na cultura brasileira". 
O analista financeiro Guilherme Almeida, 28, também prefere o calor das ruas e dos blocos e acredita que o carnaval é para ser de graça. Desde novo, Guilherme sempre viu os blocos de rua desfilarem perto da sua casa. Aquele cenário lúdico, ainda na infância, tornou-se uma de suas maiores paixões até hoje. 
"Ver todo mundo fantasiado e alegre é lindo. Conforme fui crescendo, esse amor, essa alegria, continuaram e até aumentaram; é uma sensação de liberdade. As pessoas se soltam, usam uma fantasia que não tem coragem de usar em uma festa qualquer, mas no carnaval sim. É uma permissão social", externou. 
Adepto às festas e à rua, Anilson Costa, 44, leva alegria em cima de suas pernas de pau com um regador de glitter durante o período da folia. Além de desfilar nos cortejos pelos becos e vielas do Rio, ele também trabalha em eventos fechados. 
"A rua não tem comparação, a energia é outra. Eu consigo trabalhar em festa, porque, de uns tempos para cá, a perna de pau e o carnaval viraram uma fonte de renda para mim, mas sou apaixonado por brincar e pular nos desfiles. Reservo sempre as minhas manhãs para curtir e à noite vou para as festas".