Sede do CAP-UFRJ, localizado na Ilha do Fundão, Zona Norte do RioDivulgação

Rio - A volta às aulas marcava um novo recomeço para os alunos da educação infantil do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio (CAP-UFRJ). Nas últimas semanas de janeiro, os pais já preparavam os materiais escolares e as crianças se animavam para reencontrar os colegas. O retorno, porém, ainda não aconteceu: um laudo técnico emitido na quarta-feira passada (15) pela universidade indicou que o prédio, localizado na Ilha do Fundão, não oferece segurança e o ano letivo foi adiado.
De acordo com o documento, algumas estruturas apresentam grau de risco crítico. Isso significa que podem provocar danos contra a saúde e segurança das pessoas e meio ambiente. O Escritório Técnico da Universidade (ETU) apontou elementos como infiltrações generalizadas, insalubridade pelo acúmulo de água na calha, queda de reboco, esgoto aparente nas paredes e buracos nos pisos. As irregularidades foram encontrados durante a vistoria, realizada no dia 13. Na semana anterior, o Rio de Janeiro havia sofrido com fortes chuvas, o que motivou o pedido da visita técnica por parte da direção da unidade.
Adriano Vinagre, diretor da Associação de Pais do CAP-UFRJ (APACAP-UFRJ), já havia feito um dossiê sobre os problemas estruturais da unidade em maio do ano passado. Como pai de um aluno, ele ressaltou a preocupação com a saúde dos estudantes, que tem entre 2 e 5 anos.
"São muitos e muitos problemas de estrutura. No dia das fotos, caiu um reboco na altura do pátio onde as crianças brincam. Por sorte, não teve aula naquele dia. As crianças não podem ter, como parte do uniforme, usar capacete. Imagina se cai um reboco na cabeça de uma criança... Além das infiltrações, mofo, rachaduras, fios expostos... Com as chuvas, podem causar algum curto-circuito e causar um incêndio", lamentou Adriano.
Com a interdição do prédio, a direção informou que as aulas estão suspensas até dia 27. A sede do Fundão, na Zona Norte, só poderá receber os alunos quando atestar a segurança do local. Dessa forma, as crianças serão realocadas para a unidade da Lagoa, na Zona Sul. Em reunião com os pais, a UFRJ informou que não tem verba e não há solução rápida para o caso.
Essa mudança repentina causou mais problemas. Antes em horário integral, a educação infantil acontecerá em horário parcial, pois o novo espaço não tem condições de fornecer refeições aos 60 estudantes. Além disso, os pais precisarão ajustar a rota para levar os jovens às aulas, já que as duas sedes estão separadas por um caminho de 18km.
"A mudança de sede é prejudicial para muitas famílias. Para ir ao Fundão, o caminho é contramão para maioria das pessoas. Então, as famílias se planejam para as crianças estudarem lá. Como é horário integral, as crianças ficam lá por um bom tempo. Agora, vão para um bairro que também é complicado de trânsito, a Lagoa. E muitas famílias são de baixa renda, precisam trabalhar. Muitos não sabem como vão fazer para levar as crianças à Lagoa por um período de apenas quatro horas", comentou Adriano.
"Os pais, hoje, não sabem onde os filhos vão estudar e como será o ano letivo deles", concluiu.
Em nota, a UFRJ informou que está em contato com a direção do colégio para tentar minimizar os problemas existentes e realizar um prognóstico dos problemas futuros. Além disso, salientou que a unidade passava por vistorias constantemente e as edificações possuíam condições de uso e segurança. "Contudo, devido às fortes chuvas e deterioração da edificação ao longo dos anos, optamos por garantir a segurança dos alunos", pontuou.  
A universidade afirmou que, com os problemas detectados na última vistoria, foram tomadas providências emergenciais. No entanto, devido à falta de orçamento, não conseguiu realizar os reparos necessários.
*Reportagem do estagiário Fred Vidal, sob supervisão de Thiago Antunes