Mãe, enteada e bebê foram enterrados no Cemitério de Inhaúma, neste sábado (18)Pedro Ivo/Agência O DIA

Rio - 'Elas morreram abraçadas. Eu vi'. O relato é de José Carlos Cabral Pinheiro, irmão de Andréa Cabral Pinheiro, de 37 anos, assassinada juntamente com a enteada Maria Eduarda Fernandes Affonso da Silva, de 12 anos, e do filho Matheus Alexander Cabral Pinheiro da Silva, de 11 meses. As vítimas foram enterradas na tarde deste sábado (18), no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte. Eles foram encontrados mortos na madrugada de sexta-feira (17), dentro do apartamento onde moravam, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste. Alexander da Silva, 49, marido de Andréa e pai das crianças, é o principal suspeito.
No local do enterro, familiares, amigos e conhecidos compareceram para se despedir da mãe e das crianças em clima de tristeza e revolta. 
Em entrevista ao DIA, José Carlos disse que Andréa considerava sua enteada, Maria Eduarda, como sua filha e que teria voltado para o marido após ele ameaçar não deixá-la ver a menina.
"Esse fato poderia ter sido evitado? Talvez. Mas não foi porque minha irmã insistiu na filha dela, a Maria. Todo mundo pode falar que é enteada, mas na primeira vez que a Andréa apresentou a Maria para a família, foi como filha. E nós [a família] falamos para ela não voltar para ele [o marido] porque não dependia dele, pelo contrário, ela ajudava essa praga. E a única coisa que a Andréa falou foi: não vou abandonar minha filha. Ela voltou para salvar a filha dela", contou José Carlos, emocionado.
De acordo com Sueli Araújo da Mata, 69 anos, aposentada e tia de Andréa, a descoberta do ocorrido foi um choque para a família e que a situação nunca será esquecida. "Ela era uma pessoa muito boa. Tanto é que ela morreu por causa da menina. O pai queria levar embora a garota [Maria] e ela não deixou com medo dele fazer algo com ela. Andréa era calma, um doce de menina. É muito triste. É uma coisa que a gente não vai esquecer nunca", afirmou.
De acordo com a aposentada Maria Lucia Santana de Souza, de 76 anos, que frequentava o bar onde Andréa trabalhava, ela soube da tragédia pela televisão. "Ela era uma beleza, uma joia de pessoa. Eu chegava lá [no bar], ela falava que eu podia levar e depois pagava. Era muito bacana, eu sinto muito a falta dela", disse a aposentada, muito emocionada.
Outro frequentador do bar e conhecido de Andréa, Davi Pereira Coco, 67 anos, contou que viu a vítima crescer, juntamente com seu irmão. "Conheço a Andréa desde pequenininha. Ela e o irmão começaram tomar conta do bar que era do pai deles. É inacreditável. Está difícil", disse.
Vítimas foram dopadas, segundo as investigações
Segundo as investigações da Polícia Civil, Alexander teria usado uma substância para dopar as vítimas antes de matá-las. A mulher e a garota foram baleadas na cabeça, e o bebê foi asfixiado.
"A perícia identificou que houve a utilização de melatonina, que é uma substância que tem como finalidade provocar sono. Isso foi fundamental para que ele conseguisse cometer o crime. Ele dopou as três vítimas, as deixou dormindo, matou e depois saiu do local, retornando de manhã. Não demonstrou nenhum arrependimento até agora. Está frio, calmo", expôs o delegado Wilson Palermo, responsável pelas investigações.
Alexander foi preso na manhã de sexta-feira (17). Ele teria retornado ao local do crime e sido agredido e detido por moradores, que acionaram a polícia. Após a prisão, o homem foi encaminhado ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, onde passou por atendimento e foi liberado. Posteriormente, foi levado para a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que investiga o caso.
O suspeito trabalhava como motorista de aplicativo e tinha anotações criminais anteriores. Alexander vai responder por homicídio, feminicídio e será incluído na nova lei que trata da violência doméstica contra crianças e adolescentes.