Irmão de menino que caiu de apartamento está sob proteção do Conselho Tutelar
Hallan Luis Silva, de 7 anos, estava com o irmão de 8 anos no apartamento quando sofreu o acidente. A mãe das crianças pode responder por abandono de incapaz
Familiares de Hallan Luis Silva Ramos, de 7 anos, que morreu na manhã deste domingo (26) ao cair do apartamento onde morava no Andaraí, estiveram nesta segunda (27) no IML para reconhecer o corpo do menino - Marcos Porto/Agencia O Dia
Familiares de Hallan Luis Silva Ramos, de 7 anos, que morreu na manhã deste domingo (26) ao cair do apartamento onde morava no Andaraí, estiveram nesta segunda (27) no IML para reconhecer o corpo do meninoMarcos Porto/Agencia O Dia
Rio - O Conselho Tutelar de Vila Isabel informou, nesta segunda-feira (27), que aplicou medidas de proteção para resguardar o irmão de Hallan Luis Silva Ramos, de 7 anos, que morreu no domingo (26) após cair de uma altura de quatro metros de um apartamento no Andaraí, Zona Norte do Rio. O irmão mais velho estava sozinho com Hallan dentro de casa. De acordo com informações do Registro de Ocorrência, a queda aconteceu quando a criança tentava passar do próprio quarto para o da avó pela janela.
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Por se tratar de um caso envolvendo menor de idade, o Conselho não informou com quem está a guarda do irmão da vítima. "O Conselho Tutelar de Vila Isabel foi acionado ontem (27) sobre o caso e aplicou medidas de proteção para resguardar o direito do irmão da vítima", informou o Conselho.
A mãe, identificada como Jéssica Silva Ramos, publicou uma mensagem em suas redes sociais negando que tenha deixado os filhos sozinhos em casa. No entanto, não deu maiores detalhes sobre o responsável que estava com as crianças. "Eu não vou mais vir tocar nesse assunto, só quero que parem de falar o que não sabem. Eu não deixei meus filhos sozinhos, o meu único erro foi ter confiado em quem não deveria. Respeitem minha dor, só eu sei o quanto eu amava e fazia de tudo pelos meus filhos!"
De acordo com o Conselho Tutelar, não há registro de acompanhamento familiar na Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS). O nome de Jéssica consta no cadastro único do governo federal e é beneficiária do Programa Auxílio Brasil.
O CREAS Arlindo Rodrigues, responsável pelo atendimento desta região incluirá a família no programa de acompanhamento especializado. Os próximos procedimentos a serem adotados são sigilosos, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
O caso
Segundo a Polícia Militar, uma equipe da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Andaraí foi acionada para a Rua Dona Amélia para verificar uma ocorrência envolvendo criança. Ao chegar no local, o fato foi constatado e o menino encontrado sem vida, na frente da portaria do prédio.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, agentes do quartel de Vila Isabel foram acionados por volta das 12h25 e constataram o óbito. O caso foi registrado na 20ª DP (Vila Isabel) e a perícia já foi realizada no local. Agora, o delegado Fabio Luiz da Silva, responsável pelas investigações, vai ouvir testemunhas e familiares de Hallan, entre elas a mãe da criança que não estava na residência. Ela pode responder por abandono de incapaz.
O corpo do menino foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) do Centro e o tio da criança esteve na manhã de segunda-feira (27) para fazer a liberação. A SMAS informou ainda que ofereceu gratuidade para o enterro do pequeno Hallan, mas a família optou por arcar com os custos. A pedido da mãe, o horário e o local do enterro não serão divulgados.
Crianças ficavam sozinhas
Testemunhas contaram em depoimento à 20ª DP (Vila Isabel) que o menino Hallan e seus irmãos de 8 e 4, costumavam ficar sozinhos no apartamento. O menino vivia na residência com os irmãos, a mãe, a avó Marise Alves da Silva e o tio, Luís Felipe Silva Ramos. Entretanto, nenhum dos três adultos estava no imóvel no momento do acidente.
A síndica do condomínio contou em depoimento que era madrinha de Hallan e chamada de "vovó" pelos três irmãos, porque ajudou a criá-los. Segundo ela, a avó das crianças não estava em casa porque trabalha todos os dias, inclusive aos domingos, como cuidadora de idosos para ajudar a sustentar a filha e os netos. A mulher relatou ainda que Jéssica trabalha no setor administrativo de uma rede de hospitais e que cuida bem dos filhos, mas que costuma deixar os meninos sozinhos para sair com os amigos e ir para baladas aos fins de semana.
Ainda de acordo com a oitiva da síndica, o irmão mais velho do menino bateu em sua porta, por volta das 11h40, e ao abrir teria contado que a vítima caiu quando tentava passar entre os cômodos. Ela relatou que precisou acalmar o menino, que estava em estado de choque. Também em depoimento, um policial militar da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Andaraí disse que vizinhos reforçaram a versão da síndica de que a mãe das crianças sai constantemente para lazer, deixando os filhos sozinhos.
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