Grupo de bate-bolas "Virtual de Madureira" saiu com fantasia com imagem do rosto de Hitler durante carnaval no RioReprodução
Polícia Civil investiga grupo de Bate-bolas por crime de divulgação do nazismo
Um ofício também foi expedido para a Secretaria Municipal de Cultura a fim de identificar os responsáveis pelo bloco
Rio - A Polícia Civil, através da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), abriu uma investigação contra o grupo de Bate-Bolas 'Virtual de Madureira' para apurar o possível crime de divulgação do nazismo. O foliões foram às ruas neste carnaval, no dias 18 e 22 deste mês, com fantasias que traziam o rosto de Adolf Hitler. Ainda segundo a corporação, foi expedido um ofício para a Secretaria Municipal de Cultura a fim de identificar os responsáveis pelo bloco.
A Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (FIERJ) denunciou o caso e solicitou a investigação dos fatos noticiados pela imprensa. Na denúncia, a instituição destacou que a atitude do grupo fere diretamente a comunidade judaica instalada na cidade do Rio de Janeiro e outras minorias que sofreram com as 'aberrações nazistas' praticadas no continente europeu.
"Esperamos que a investigação possa indicar autores e que haja a denúncia pelo crime de racismo, pois é o meio de se processar e punir quem faz apologia ao nazismo. Estamos em um momento muito delicado em nosso país em que, reiteradas vezes, a FIERJ vem alertando para que não se permita a banalização do Holocausto, ou a exaltação a Adolf Hitler e sua obra, cujo teor é racista. Lembrando que a prática de racismo é crime em nosso país. São necessárias ações educativas, mas não podemos deixar impunes quem faz apologia ao crime", explicou Alberto David Klein, presidente da FIERJ.
As imagens dos bate-bolas com as fantasias que tinham o retrato do Hitler viralizaram no Twitter e até mesmo os fãs do grupo chegaram a criticar determinado comportamento. "A impunidade faz com que coisas absurdas como essa aconteçam", disse uma usuária da rede social. "Passamos por alguns deles e não sabíamos bem o que fazer. A vontade era sair dando voadora", escreveu outra internauta.
Na ocasião, a vereadora Teresa Bergher, também integrante da comunidade judaica, se pronunciou e informou que além de procurar a polícia para fazer a denúncia, também iria encaminhar um ofício à Secretaria de Estado de Segurança Pública.
Ela também informou que encaminhará requerimento de informações à Prefeitura para saber se o grupo foi cadastrado pela Secretaria Municipal de Cultura e se é possível cancelar a autorização para que desfile não ocorra no próximo carnaval.
Em 2012, os bate-bolas se tornaram Patrimônio Cultural Carioca de Natureza Imaterial pela Prefeitura do Rio. O decreto de número 35134 considera que os 'Clóvis' ou 'Bate-bolas' são personagens típicos do carnaval carioca e que "refletem a forma alegre e irreverente da população suburbana festejar e a sua capacidade de produzir uma manifestação de caráter tradicional e ao mesmo tempo renovador".
"É uma pena que um grupo que se veste de bate-bolas tenha escolhido justamente usar a máscara de um assassino, de um genocida para brincar o carnaval. Os Clóvis fazem parte da nossa cultura, da tradição carnavalesca da nossa cidade e não podem ser confundidos com uma imagem que só remete à morte, à barbárie, aos crimes contra a humanidade", disse Teresa, na ocasião.
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