Rio de Janeiro completa 458 anos nesta quarta-feiraPedro Ivo/ Agência O DIA

Rio - No aniversário de fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, que completa 458 anos nesta quarta-feira (1º), personalidades ouvidas por O DIA pedem paz e celebram os encantos dos bairros cariocas.
Moacyr Luz já compôs mais de 40 músicas sobre o Rio - Arquivo
Moacyr Luz já compôs mais de 40 músicas sobre o RioArquivo


O compositor e sambista Moacyr Luz estima que já tenha composto mais de 40 músicas sobre a cidade. "Em 65 anos, nunca me mudei do Rio de Janeiro. Já morei em uns 20 bairros. Vou sentindo saudade de um e logo me apaixonando pelo novo", conta. Moacyr nasceu em Jacarepaguá, na Zona Oeste, e ainda durante a infância se mudou para os bairros do Catumbi, Vila Aliança e Méier. Hoje, o compositor mora no Flamengo, na Zona Sul do Rio.

"O Rio de Janeiro tem suas surpresas diárias. Eu agora estou morando no Flamengo e estou me apaixonando pelo Aterro. Tem árvores frondosas para fazer piquenique, bater-papo, marcar uma reunião. Assim vai. Em Santa Teresa, os bares lembram Montmartre, em Paris, com seus hotéis maravilhosos. Tem a peculiaridade de ninguém querer subir. Isso tudo dá o charme", comenta o artista.

Ao falar do seu Samba do Trabalhador, que acontece todas as segundas-feiras no clube Renascença, no Andaraí, Moacyr acrescenta: "Quem iria acreditar que uma roda de samba iria reunir entre 1 mil e 1,5 mil pessoas todas as segundas? Só o Rio faz isso", completa.
De presente para o Rio, Milton Cunha pede mais ensaios técnicos das escolas de samba - Arquivo /Agência O Dia
De presente para o Rio, Milton Cunha pede mais ensaios técnicos das escolas de sambaArquivo /Agência O Dia


O carnavalesco, cenógrafo e comentarista de Carnaval Milton Cunha ressalta que a mistura entre o morro e o asfalto produz a diversão do Rio. Milton é paraense e chegou aos 19 anos à Rodoviária Novo Rio. Em apenas dois dias ele começou a trabalhar com entretenimento nas noites cariocas.

"Todo mundo veio fazer a história aqui na cidade. Quando chega a corte em 1808, ela atrai a gente de todo o Império. Vem gente, do Norte, do Sul. Atrai visitantes e trabalhadores desde 1808. É uma característica dessa cidade: receber, trazer pessoas a ajudá-la a se construir", afirma o carnavalesco.

O espírito carioca, avalia Milton Cunha, se dá a partir dessas diversas contribuições. "Não é uma cidade fechada: tinha indígenas, a negritude, os representantes da corte. Se pensa a cidade a partir da mistura. Não importa quem tu és, quanto dinheiro tens. Importa se estás a fim de entrar neste bolo, de lutar aqui dentro", avalia.

Para curtir essa boa mistura da cidade, Milton conta que gosta de frequentar as rodas de samba do subúrbio. "Tem um tipo de música de batuque, que não é a do sucesso. É um tipo de sonoridade específica de quem gosta de samba de raiz. Tem o povo do samba, da roda de samba, é criança, é família, é aniversário, é uma farofada e não tem o 'carão'. Não tem o 'sou melhor que tú’' Embola tudo e fica ótimo. Não tenho paciência para o carão, só tenho paciência para a diversão", completa.
Rosa Magalhães pede paz para o Rio de Janeiro em aniversário de 458 anos - Foto: Divulgação / Diego Mendes
Rosa Magalhães pede paz para o Rio de Janeiro em aniversário de 458 anosFoto: Divulgação / Diego Mendes


Já a professora, artista plástica e premiada carnavalesca Rosa Magalhães conta que cresceu em Copacabana, na Zona Sul do Rio, e conheceu melhor a cidade a partir da faculdade. "Até eu entrar para a faculdade, eu não sabia nada do Centro da cidade. No primeiro dia de aula eu saí para comprar um lápis e me perdi. A partir dali fui começando a conhecer a cidade. O Rio é conhecido mundialmente. Todo mundo quer visitar. É um cartão postal que a gente tem”, afirma.

Questionada sobre seu programa de lazer preferido no Rio, Rosa conta que gosta de passear na orla: "Uma das coisas mais agradáveis é passear na orla, seja à pé ou de carro. A vista é linda."

Paz e diversão ao Rio

Ao ser perguntado sobre o que o Rio merece de presente neste aniversário, Moa pede menos violência: "Deixar os becos em paz para as pessoas poderem andar naturalmente, sem susto, sem medo. A cidade do Rio é para viver sem medo porque cada canto tem uma beleza", diz.

O carnavalesco e comentarista Milton Cunha pediu mais ensaio técnicos para o público assistir às escolas de samba. "Eu queria pedir que os ensaios técnicos aumentassem. Que a Sapucaí recebesse mais as comunidades. Eu acho que poderiam começar a partir de novembro. Os ensaios trazem animação. É ótimo. Divertimento para a cidade", afirma.

A artista Rosa Magalhães também pede paz: "Eu desejo que seja uma cidade com paz. Chega de tiroteio. Esse é o melhor presente que qualquer pessoa pode dar para a nossa cidade. É absurdo. As pessoas não saem de casa. É uma restrição de liberdade muito grande", finaliza.