Rio - Quatro homens foram presos na tarde desta quinta-feira (2) durante uma megaoperação realizada pela Polícia Civil no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio. De acordo com as investigações, dois dos detidos são naturais de Minas Gerais e suspeitos de abastecer organizações criminosas que atuam na comunidade com armas de alto poder de destruição, munições e drogas.
Segundo a Polícia Civil, a operação foi realizada para evitar conflitos entre as facções Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP) depois da soltura de um dos líderes de uma das quadrilhas. De acordo com os agentes do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE), membros do TCP passaram a agir com extrema violência, ameaçando e matando integrantes da organização.
A conduta estaria amedrontando alguns integrantes da quadrilha, que passaram a se abrigar na comunidade Nova Holanda, dentro do Complexo da Maré, com influência do CV. A Civil apontou que os criminosos levaram armamento e dinheiro, o que gerou instabilidade e possibilidade de um violento conflito entre as facções.
A investigação ainda verificou uma grande concentração de criminosos do TCP fortemente armados na Maré com objetivo de dominar a região. Ainda segundo as investigações, ladrões de carros atuam na facção agindo de forma violenta e armada e utilizando a comunidade como base operacional para o planejamento das ações e a guarda dos produtos oriundos dos crimes.
Além dos quatro presos, foram apreendidas armas, dentre elas dois fuzis, grande quantidade de drogas, rádios comunicadores, munições e uma balança de precisão. Os agentes também localizaram uma estufa de produção de maconha do tipo 'skunk', além de centenas de mudas da droga.
Participaram da ação as Delegacias de Repressão a Entorpecentes (DRE); de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC); de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), e outras unidades do DGPE, além da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core).
Clima de tensão
A operação deixou um clima de tensão para os moradores do Complexo da Maré. Nas redes sociais, foram publicadas fotos de crianças e professores agachados nas salas de aula e dependências das escolas tentando se proteger dos tiros. Nas unidades de saúde da região, a cena foi a mesma.
Desde as primeiras horas da manhã, moradores relataram intensos confrontos entre policiais e traficantes nas regiões do Complexo. Houve confrontos na Vila do João, Vila dos Pinheiros, Salsa e Timbau, segundo relatos nas redes sociais.
O Centro Municipal de Saúde Vila do João precisou realizar o acionamento do protocolo de acesso mais seguro e, para segurança de profissionais e usuários, interrompeu o funcionamento devido ao intenso tiroteio que tomou conta da região.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva, na Nova Holanda, manteve o atendimento à população. Apenas as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares, foram suspensas.
A Secretaria Municipal de Educação informou que as unidades escolares localizadas na Maré e no seu entorno ficaram em funcionamento e com o protocolo do Acesso Mais Seguro acionado para garantir a segurança dos alunos e de toda a comunidade escolar. As escolas liberaram os estudantes com a presença dos responsáveis.
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