Criminosos ostentam armamentos para inibir um dos chefes do Morro do Campinho e Fubá, na Zona Oeste do RioDivulgação

Rio - Depois da madrugada de tensão em meio à disputa por territórios entre milicianos e traficantes do Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP), moradores do Campinho e Morro do Fubá, na Zona Oeste do Rio, continuam vivendo no "campo de guerra". Na tarde desta quarta-feira (8), próximo ao horário de saída dos estudantes, foram registrados novos tiroteios na região. A movimentação preocupou os pais dos alunos, que tentaram alertar outros responsáveis nos grupos da comunidade:
"Atenção moradores do Morro do Fubá e Campinho, está acontecendo neste momento um intenso tiroteio, as crianças que estão saindo da escola, moradores tenham muito cuidado", escreveu um morador. Procurada, a Polícia Militar afirmou que equipes do 9ºBPM (Rocha Miranda) continuam no local realizando policiamento reforçado. Ninguém foi preso até o momento. 
A Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que, no Morro do Fubá, uma unidade prestou atendimento remoto, devido aos tiroteios na região. Já no Campinho, não houve alterações no atendimento aos alunos. A Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) ainda não informou quantas escolas interromperam as atividades devido à violência desta quarta-feira (8).
Ainda no período da tarde, traficantes usaram as redes sociais para inibir e deixar uma mensagem para um dos chefes das comunidades, o Edgar Alves de Andrade, mais conhecido como Doca ou Urso. Na foto publicada é possível ver dez armas e a legenda: "Bonde do Salomão , só calibre grosso... Aprende Doca".
Na noite desta terça-feira (7), traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP) invadiram os morros do Divino e da Menezes, entre o Campinho e a Praça Seca, que estavam sendo comandados pelo Comando Vermelho (CV).
Confrontos
Os criminosos do TCP teriam se aliado aos milicianos que dominam parte dos Morros do Fubá e do Campinho para expulsar os traficantes do Comando Vermelho que também atuam na região. Desde o ano passado, as comunidades vem sofrendo com constantes confrontos, por conta da disputa entre integrantes do CV com a milícia do Tico e Teco.
O grupo paramilitar é chefiado pelos irmãos Leonardo Luccas Pereira, o Leléo ou Tico, e Diogo Luccas Pereira, o Teco ou Playboy, que está preso desde 2020. Os morros eram comandado por eles, mas a traição de um membro da milícia facilitou a invasão dos traficantes, então liderados por Rafael Cardoso do Valle, o Tio Baby, que era gerente do Morro do Dezoito e responsável por comandar a expansão e a retomada da facção nas comunidades do Rio. Em janeiro deste ano, uma operação programada da Polícia Militar resultou na morte do criminoso.
Especialista analisa cenário
Para o Presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina e da Comissão de Segurança Pública da Associação Nacional de Imprensa, o professor José Ricardo Bandeira, de 56 anos, a maior causa desse aumento na disputa de territórios no Rio de Janeiro é o enfraquecimento da milícia em áreas onde antes prevalecia.

"Sem dúvida a pandemia certamente teve uma interferência direta ocasionando essa aparente calmaria em relação ao confronto entre as facções, paralelo a isso tivemos algumas ações por parte do governo do estado que de alguma forma enfraqueceu a atuação das milícias na zona oeste, tornando o território propício para a expansão das facções criminosas, tendo em vista que por falta de uma política de segurança pública não foram implementadas medidas para conter essa situação que já era prevista", explicou.