Em outubro do ano passado, meses após as acusações de injúria racial, Cláudia Barrozo entrou com uma queixa-crime contra o entregador Eduardo Peçanha Marques. Segundo ela, o homem a difamou e ofendeu sua honra.
De acordo com o documento assinado pelos advogados de defesa, a queixa-crime seria pelas ofensas proferidas por Eduardo, de cunho sexual e sexistas com as frases "mulherzinha nervosa", "vovó está com pressa", "vaca do inferno" e chamado a filha de Cláudia de "gostosona", dentre outros palavrões. O entregador ainda teria dito as palavras segurando o seu órgão genital.
A defesa de Cláudia propôs, nesta quarta-feira (15), um acordo de composição civil, que cabe em processos em que a pena máxima é de apenas dois anos como acontece no crime de difamação, entre as duas partes. Os advogados que representam a defensora também disseram que o entregador poderia pagar duas cestas básicas no valor de R$ 600 ou prestar serviços comunitários.
O advogado Joab Gama, que representa Eduardo, contou que o seu cliente negou os dois acordos porque quer provar na Justiça que é inocente e não difamou a defensora.
"Tudo isso foi negado. O Eduardo não vai aceitar nenhuma das duas propostas porque ele não cometeu o crime de forma alguma. Ele pretende levar isso até ele ser considerado inocente. Agora vamos aguardar a audiência de instrução e julgamento", disse.
Já o advogado Marcello Ramalho, que defende Cláudia, está confiante que o entregador possa ser condenado neste processo. De acordo com ele, o fato não atrapalha a condução do julgamento o qual a defensora é ré pelo crime de injúria racial.
"Segundo a lei de regência desse tipo de crime, será marcada uma audiência que a juíza vai receber a queixa e determinar que o entregador apresente sua defesa escrita. Esperamos que ele seja condenado pelas injúrias. Esperamos que seja demonstrada a culpabilidade dele", contou Ramalho.
Ainda não há uma data para o julgamento sobre esse processo que está correndo no Juizado Especial Criminal.
Acusação de injúria racial
As partes vão voltar a se encontrar nesta quinta-feira (16), também no Fórum de Niterói, para uma audiência de instrução e julgamento a qual Cláudia Alvarim é ré sobre o crime de injúria racial. A sessão estava marcada para o dia 14 de fevereiro, mas foi adiada por falta de duas testemunhas arroladas pela defesa da ré.
Segundo o advogado Marcello Ramalho, que defende Cláudia, uma das pessoas que estava sendo esperada foi intimada, mas não deu nenhuma justificativa sobre o motivo da falta. Para a audiência desta quinta-feira (16), a Justiça determinou a condução coercitiva da testemunha como forma de impedir uma nova ausência.
Relembre o caso
No dia 30 de abril, a Polícia Civil iniciou uma investigação de um caso de injúria racial em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, quando a defensora pública aposentada agrediu verbalmente dois entregadores em um condomínio de luxo em Itaipu.
No vídeo gravado por um dos trabalhadores, é possível ouvir a mulher os chamando de "macacos". Após ela ofendê-los, ela entra em um carro de luxo e arranca saindo do local. Segundo a Polícia Civil, o caso foi registrado na 81ª DP (Itaipu) como injúria por preconceito.
Claudia foi chamada para ir à 81ª DP (Itaipu) três vezes após o registro da ocorrência, mas, de acordo com o delegado Carlos César Santos, que atuava como titular da delegacia na época, ela não se apresentou em nenhuma das oportunidades, tampouco no período de conclusão das investigações. O inquérito foi fechado e encaminhado ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) somente com o depoimento das vítimas.
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