Ester Oliveira e João Vitor Brander foram mortos a tiros nesta quarta-feira (5)Reprodução

Rio - Os sepultamentos de Ester de Assis Oliveira, de 9 anos, e de João Vitor Brander, 19, mortos após serem baleados em uma guerra entre traficantes na Comunidade da Congonha, estão marcados para acontecerem na manhã desta sexta-feira (7) no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio.
O enterro da menina será às 11h30 e o do jovem às 11h. Ambos morreram depois de ficarem feridos por tiros nesta quarta-feira (5) em Madureira, também na Zona Norte. A principal suspeita é que traficantes da Comunidade da Serrinha, comandada pela facção Terceiro Comando Puro (TCP), foram em direção à Congonha para enfrentar integrantes do Comando Vermelho (CV) e entraram em confronto.
Ester foi atingida na cabeça quando voltava da escola junto com a prima de 17 anos. A tia de Ester, que não quis se identificar, contou que, no momento em que a menina foi baleada, ela havia parado na subida da Rua Piraquê para comer um pedaço de bolo. Segundo a familiar, o tiro atingiu a parte de trás da cabeça da criança.
"A minha filha falou que só escutou o tiro e deu a mão a ela [a Ester], e quando olhou pro lado ela já estava baleada. Pegou ela no colo, desceu, pediu aos mototáxis pra ajudar e eles levaram à UPA de Irajá, depois foi ela transferida para o Getúlio Vargas e infelizmente ela veio a falecer. A família está desesperada, a família está consternada, eles acabaram com a vida de uma criança", contou.
Familiares da menina estiveram no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto na manhã desta quinta-feira (6) para a liberação do corpo. A mãe de Ester ficou segurando o urso de pelúcia da filha o tempo todo.
Criminosos chegaram atirando
Um amigo de João Vitor Brander disse que o jovem estava trabalhando quando traficantes da Serrinha entraram na Congonha atirando em moradores durante uma tentativa de invasão. O homem chegou a ser socorrido na UPA de Rocha Miranda, mas não resistiu.
"Ele estava tirando a hora do almoço dele. Até uma criança tomou um tiro na cabeça e morreu. Deram um tiro nele também, balearam uma senhora que tomou um tiro no joelho, a outra senhora lá tomou um tiro no ombro, a bala vazou. Deram tiro em todo mundo", disse.
Em seu relato, ele contou que não havia policiais no interior na comunidade e que a tentativa de invasão por parte dos traficantes da facção rival é corriqueira. "Esse clima tenso é constante, os bandidos da Serrinha sobem lá e dão tiro em todo mundo. Aquela guerra em Madureira não para, enquanto a Polícia o estado do Rio de Janeiro não botar a mão no Lacosta, aquela guerra em Madureira nunca vai acabar", completou.
Lacosta, citado pelo amigo da vítima, é um dos principais líderes da facção TCP e apontado como chefe do tráfico na comunidade da Serrinha.
Questionada, a Polícia Militar informou que não havia equipes do 9º BPM (Rocha Miranda) na comunidade quando o caso aconteceu. Três pessoas também ficaram feridas após serem atingidas por tiros. Não há informações sobre o seu estado de saúde.
De acordo com a Polícia Civil, diligências estão em andamento para identificar a autoria dos disparos e esclarecer todos os fatos. O caso foi registrado na 29ª DP (Madureira).