O Instituto de Química, da UFRRJ, fica em Seropédica, na Baixada FluminenseDivulgação

Rio - O aluno da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), suspeito de ameaçar outros estudantes do Instituto de Química e de planejar um massacre para a próxima segunda-feira (10), pode ser expulso da universidade após decisão em comum acordo entre a comunidade acadêmica. O homem foi preso nesta quarta-feira (6) em uma ação da 48ª DP (Seropédica).
Segundo a vice-diretora do Instituto, Clarissa Silva, a direção já possui o registro da ocorrência em mãos e, com este documento, será aberto um processo disciplinar discente contra o aluno. Clarissa explicou que há procedimentos internos que devem ser seguidos para ocorrer a desvinculação do suspeito com a universidade.
"Há um regulamento interno. O diretor abrirá o processo e uma comissão de docentes será nomeada. Certamente solicitarão cópia do processo judicial, pois o registro da ocorrência já existe. A partir da materialidade documental comprovada, deliberarão a respeito do caso, onde há grandes chances de jubilamento. Não podemos assegurar pois compete à comissão exarar seu parecer", disse.
De acordo com imagens divulgadas na Internet, as postagens enviadas pelo criminoso têm conteúdo racista, homofóbico, machista e sexual. As ameaças foram feitas entre a noite de domingo (2) e a madrugada de segunda-feira (3). Além disso, em uma das conversas, o suspeito, utilizando a imagem de um estudante, que é inocente, mostra uma arma e munições para reforçar a intimidação aos alunos.
O suspeito de realizar as ameaças enviou mensagens aos alunos se passando como um outro estudante da universidade. Ele criou um perfil falso através do WhatsApp com a foto de uma das vítimas e começou a ameaçar outros integrantes da comunidade acadêmica como se fosse essa pessoa.
Clarissa Silva destacou ainda que o homem que realizou as ameaças conseguiu o contato das vítimas através de um grupo criado por estudantes no aplicativo de mensagens em 2016, cujo possui o link de acesso aberto. Com isso, ele se passava por uma segunda pessoa, que também é vítima do crime, para ameaçar outros estudantes.
"O integrante, como nós suspeitávamos, identificou algumas pessoas e dirigiu os ataques aos alunos. Só que ele usou fotografias de integrantes do grupo para construir o perfil falso. Às vezes essas imagens são divulgadas como a imagem de um aluno nosso que já está sendo vítima do ataque e agora passa a ser vítima de uma acusação infundada de ser quem está causando o ataque. É necessário que haja mediadores e administradores desses links públicos de acesso e que eles sejam refeitos periodicamente. Isso impede que você acesse o link antigo e principalmente há o controle da entrada. O que acontece nesses grupos de alunos nos afeta. É muito importante que as pessoas tenham a noção que às vezes o rosto que está sendo mostrado não é de quem está causando o ataque", completou.
Conscientização dos alunos
Em conversa com o DIA, nesta quarta-feira, o diretor do Instituto de Química da Rural, Cristiano Riger, disse que o fato gerou um pânico na comunidade acadêmica, mas o caso foi administrado em conjunto com as autoridades policiais e os próprios membros da Casa.
O diretor ainda aproveitou para chamar a atenção sobre o papel das universidades e dos institutos na conscientização dos alunos sobre casos como esse. De acordo com ele, os adolescentes e as crianças foram influenciadas nos últimos anos a pensarem que tais formas de agressões e ameaças contra outras classes são possíveis, mesmo sendo crimes que podem ser denunciados.
"Nós passamos, nos últimos anos, como universidade e instituição de ensino, sendo atacados de todas as formas. Com sexismo, por xenofóbicos, entre outras formas. Pessoas que faziam isso de forma pensada tiveram voz nesses ataques. De muitas formas, isso criou um modus operandi para que pessoas ainda em formação, como adolescentes e crianças, entenderem que algumas formas de ataque são possíveis. Mesmo sendo crimes, ilegais, e prejudicando a vida de alguém ou de um grupo de pessoas. Cabe à universidade e aos institutos conscientizarem os seus discentes sobre como agir em uma situação como essa. Às vezes muitos se calam e pensam que é uma brincadeira de mal gosto, mas não é. É crime. Nesse sentido, acho que nossos alunos colaboraram bastante", analisou Cristiano.
O diretor ainda revelou que a Rural, agora, vive uma mistura de sentimentos em relação à prisão do suspeito. Uma parte está aliviada, porque a ameaça deixou a comunidade acadêmica tensa desde quando foram divulgadas as mensagens. Já outra parte está triste, pois o autor é um aluno ainda em formação continuada, profissional e social.