Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, na Ilha do Governador, está com pouca procura de passageirosDivulgação

Rio - O prefeito Eduardo Paes (PSD) publicou um vídeo em sua rede social, neste sábado (8), defendendo a retomada do protagonismo do Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, localizado na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio. A diminuição de voos no local junto com a sobrecarga do Aeroporto Santos Dumont, no Centro, virou tema de debates nesta semana.
Nos últimos anos, o Galeão vem perdendo um grande número de passageiros, enquanto o Santos Dumont opera no limite de sua capacidade, com registro de grandes e demoradas filas. O fato vem preocupando Paes, que afirmou que o Rio precisa da manutenção de um aeroporto internacional para manter a vocação de cidade global e de capital do turismo brasileiro.
"O Rio perdeu um monte de coisa historicamente. Se a gente deixa de ter um aeroporto internacional, essa vocação que é tão natural nossa de cidade global, de capital do turismo do Brasil e de porta de entrada do Brasil, a situação vai ficar muito ruim. Não tem nada a ver com o Santos Dumont que é um charme de aeroporto e super confortável, mas tem ali um limite de segurança e quanto mais voos a gente coloca ali, mais voos internacionais a gente perde no Galeão", contou o prefeito.
Paes completou que o Santos Dumont está sobrecarregado de voos domésticos e que tais viagens precisam ser realocadas para o Galeão em busca de movimentar o aeroporto para que não cause mais prejuízos ao estado.
"[Santos Dumont] Tá sobrecarregado de voos domésticos. Fica ponte-área, fica voo para Brasília e para outro lugar, mas os voos domésticos tem que ser com conexão para o Galeão para que atraia voos internacionais. O Rio precisa de um aeroporto internacional. Me xinguem, reclamem, falem mal do prefeito, mas parem de falar mal do Rio. Não podemos permitir que o Galeão seja destruído", completou.
Segundo o prefeito, o Rio continua sendo o maior receptor de turistas internacionais em viagens de lazer do Brasil, mesmo com a queda de viagens no Galeão. Paes informou que cerca de 550 mil passageiros internacionais com o destino rio tiveram que fazer conexão em São Paulo para chegar à cidade em 2022.
O chefe do Poder Executivo municipal ainda destacou que a cidade do Rio possui voo direto para somente 27 destinos domésticos. Por isso, cerca de 5 mil passageiros por dia teriam que fazer pelo menos uma conexão para chegar ao seu destino final.

"Este o maior número entre as 10 principais cidades brasileiras. BH, por exemplo, são 2.300 passageiros/dia; em São Paulo são 2.700. Isto é resultado da concentração de voos em um aeroporto estrangulado como o Santos Dumont", escreveu em um outro post.
Paes também ressaltou que o Galeão não tem mais conexão com Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba, regiões importantes para movimentar o mercado de voos internacionais do Rio de Janeiro.
Limitação no Santos Dumont
O ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, disse, nesta sexta-feira (7), que limitou a operação do Santos Dumont para este ano em busca de ampliar o número de passageiros no Galeão. O aeroporto do Centro do Rio deve receber menos de 10 milhões de pessoas em 2023.
Márcio afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está trabalhando para retomar o protagonismo do Galeão. Segundo ele, a Secretaria de Aviação Civil está elaborando estudos com possíveis soluções para ampliar o número de passageiros no aeroporto. As possibilidades serão apresentadas ao governador Cláudio Castro (PL) e ao prefeito Eduardo Paes no próximo dia 24, quando está prevista uma reunião entre os três.
A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, gravou um vídeo, neste sábado (8), para dizer que está acompanhando de perto a situação envolvendo os aeroportos do Rio. Ela contou que realizou uma reunião com Paes e com França para debater sobre o tema.
"O ministério do turismo está a disposição para contribuir por meio de políticas públicas voltadas para a atração turística bem como de investimentos em infraestrutura pra melhorar a vida dos turistas domésticos e internacionais que utilizam o equipamento", destacou.
Perda financeira para o Rio
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) estima que o Rio perde 4,5 bilhões por ano ao deixar o Galeão ocioso. De acordo com o órgão, limitar a capacidade do Santos Dumont apenas freia a expansão deste aeroporto e não recompõe com agilidade o hub voos internacionais e conexões domésticas de que o Rio, como segunda maior economia do país, precisa.

“Empresas estão perdendo negócios e o Rio, oportunidades: mais circulação de mercadorias pelos terminais de nosso estado significa mais empregos e mais arrecadação para os cofres públicos. E é dessa receita que saem recursos para investimentos em serviços básicos para a população. Os ganhos anuais com uma operação coordenada entre Galeão e Santos Dumont pode injetar até R$ 4,5 bilhões por ano ao PIB do estado, segundo estudo da Firjan já apresentado ao poder público”, afirmou Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan.