Operações policiais e balas perdidas são os dois principais responsáveis por mortes violentas de crianças na Região Metropolitana do RioPedro Ivo/Agência O Dia

Rio - Somente nos primeiros 100 dias deste ano, 11 crianças foram baleadas no Grande Rio. Quatro delas morreram. O levantamento, feito pelo Instituto Fogo Cruzado, mostra que o número já é maior que todo o ano de 2022.
As operações policiais e as balas perdidas são os dois principais responsáveis por mortes violentas de crianças na Região Metropolitana, de acordo com o Instituto. Até o mês de março, 71,5% das crianças baleadas foram atingidas por bala perdida, enquanto 37,5% das vítimas foram atingidas durante operação policial.

Segundo o Fogo Cruzado, de janeiro a dezembro do ano passado, oito crianças foram baleadas no Grande Rio, sendo que duas morreram e seis ficaram feridas.
"Em 3 anos, esse é o começo de ano mais violento para crianças com idade inferior a 12 anos", apontou o Instituto. Em 2020, 13 crianças morreram nos primeiros 100 dias do ano. 

A última vítima foi Ester Assis de Oliveira, de 9 anos. Ela morreu após ser baleada durante um confronto entre criminosos de facções rivais na comunidade do Cajueiro, em Madureira, Zona Norte do Rio. Ester voltava da escola quando foi atingida.

A primeira criança baleada neste ano foi Juan Davi Souza Faria, de 11 anos. Ele foi atingido por uma bala perdida durante a comemoração do Réveillon em Mesquita, na Baixada Fluminense.
Lista de crianças baleadas em 2023

05/04 – Ester de Assis de Oliveira, 9 anos – Morta durante uma troca de tiros entre traficantes de facções rivais na Comunidade da Congonha, em Madureira, na Zona Norte do Rio.

26/03 – B. R., 7 anos – Ferido na coxa esquerda ao ser atingido durante um ataque a tiros na Vila Canaan, em Duque de Caxias. A vítima tem quadro de saúde estável.

10/03 – Maria Júlia da Silva Gomes, 1 ano e 8 meses – Ferida por uma bala perdida durante operação policial na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, na Zona Sul do Rio.
01/03 – Menina, 11 anos – Ferida por bala perdida durante ação policial na Vila Aliança, em Bangu, na Zona Oeste do Rio.

19/02 – Bryan Rodrigues Horta, 6 anos – Ferido a tiros durante uma briga no Carnaval de Magé, na Baixada Fluminense.

19/02 – Maria Eduarda Carvalho Martins, 9 anos – Morta a tiros durante uma briga no Carnaval de Magé, na Baixada Fluminense.

19/02 – João Pedro Marques de Lima, 11 anos – Ferido a tiros durante uma briga no Carnaval de Magé, na Baixada Fluminense.

04/02 – Luiz Henrique Benicio de Farias, 5 anos – Ferido na perna por uma bala perdida enquanto lanchava com a mãe em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. A polícia ainda não sabe de onde veio o disparo.

02/02 – Menina, 8 anos – Ferida nas costas por uma bala perdida quando ocupantes de um veículo teriam disparado em direção ao quintal em que a menina e a família estavam no Jardim Catarina, em São Gonçalo.

25/01 – Rafaelly da Rocha Vieira, 10 anos – Morta por uma bala perdida em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Moradores contam que homens encapuzados invadiram a rua e começaram a disparar. Rafaelly brincava com outras crianças e foi atingida no tórax.

01/01 – Juan Davi de Souza Faria, 11 anos – Morto por uma bala perdida durante a comemoração do réveillon em Mesquita, na Baixada Fluminense. O menino estava na varanda de casa, quando foi atingido.
Outros dados
No Rio de Janeiro, 52 pessoas foram vítimas de bala perdida nos primeiros meses do ano. Segundo o Fogo Cruzado, 16 morreram e 36 ficaram feridas. O Instituto apontou ainda que, 60% das vítimas foram atingidas durante operações policias.
Ao todo, ainda no Rio, 634 pessoas foram baleadas nos 100 primeiros dias do ano, sendo 313 mortos e 321 feridos. O Fogo Cruzado mostra que 62% foram atingidos em ações da polícia. Dentre os baleados, 580 são homens, 43 mulheres e 11 não identificados.