Bernadete Augusto dos Santos, de 82 anos, foi arremessada de um ônibus na noite de domingoReprodução/TV Globo

Rio - Familiares de Bernadete Augusto dos Santos, de 82 anos, afirmaram que a idosa não estava presa pelo cinto de segurança no momento em que foi arremessada de um ônibus, na noite do domingo passado (14), no bairro do Caju, na Zona Portuária do Rio. A vítima estava com a filha no coletivo da linha 209, que faz o trajeto Caju x Candelária, quando a porta se abriu em uma curva feita em alta velocidade e elas foram lançadas para fora do veículo. 
Nesta terça-feira (16), parentes estiveram no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro, para liberar o corpo da vítima e relataram que Bernadete voltava do almoço de Dia das Mães na Feira de São Cristóvão, na Zona Norte, com a filha Solange Pedro dos Santos, que também ficou ferida. Segundo o filho da idosa, Ademir Pedro dos Santos, o cinto de segurança que deveria ter prendido sua mãe e evitado que a cadeira de rodas se deslocasse não estava funcionando. 
"Ela estava solta, o cinto não estava funcionando e, na curva, o ônibus em velocidade, a porta se abriu e minha mãe e minha irmã caíram para fora, foram arremessadas do ônibus. O Samu, que não é do Rio de Janeiro, é de Niterói, estava passando, parou e prestou os primeiros socorros para minha mãe, que estava mais grave, e alguém que estava dentro do ônibus chamou o Samu, que socorreu a minha irmã. Chegou a ambulância, ele (o motorista) foi embora", disse Ademir. 
As vítimas foram socorridas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS) a idosa não resistiu aos ferimentos e morreu na segunda-feira (15), enquanto Solange teve alta médica. De acordo com o filho, houve falha no atendimento da unidade de saúde.
"(Minha mãe) morreu nos meus braços, praticamente, pedindo socorro, 'me ajuda, me ajuda', cheia de sangue na maca do hospital. Só passaram remédio para aliviar a dor, botaram ela no soro e ficou largada cheia de sangue (...) Ela estava largada na maca, de qualquer forma, como se fosse um bicho. Nem um bicho é para ser tratado dessa forma", lamentou. 
Ainda segundo Ademir, a Braso Lisboa, responsável pelo ônibus onde o acidente aconteceu, não prestou assistência aos parentes enquanto Bernadete e Solange ainda estavam internadas. "Sequer deu auxílio. (A empresa) falou que foi duas vezes no hospital procurar alguém da família, mas é mentira, não teve ninguém no hospital antes da minha mãe falecer". Em nota, a Rio Ônibus informou que "a empresa lamenta o ocorrido e está em contato com a família" e que aguarda os resultados de perícia técnica para esclarecer as causas do acidente. 
A Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) também lamentou o ocorrido e informou que vai oficiar o consórcio responsável para que preste esclarecimentos e os procedimentos adotados. "A SMTR informa ainda que vai reforçar a fiscalização nos ônibus da linha 209, envolvida neste acidente". O caso está sendo investigado pela 17ª DP (São Cristóvão). "Agentes realizam diligências para esclarecer as circunstâncias do acidente e elucidar os fatos", informou a Polícia Civil. 
"Minha mãe era felizona, forró o dia todo, a noite toda. Ela vai deixar uma saudade imensa, vou sentir muita falta da minha mãe, ela é muito especial para mim, nunca vou esquecer ela", desabafou o filho. 
Sobre a suposta falha no atendimento à idosa, mencionada pelo filho dela, a direção do Hospital Municipal Souza Aguiar disse que a paciente foi prontamente atendida e recebeu todos os cuidados indicados para quadro, tendo inclusive realizado exame de tomografia e recebido reposição de sangue.
O corpo de Bernadete será enterrado na quarta-feira (17), no Cemitério da Penitência, no Caju. O velório acontecerá na capela 9, às 13h. O sepultamento está previsto para começar às 16h.