Policiamento foi reforçado na região do Complexo do Jacarezinho, na manhã desta quarta-feira (17)Reginaldo Pimenta/Agência O DIA

Rio - Moradores do Jacarezinho viveram mais uma madrugada de tensão, nesta quinta-feira (18), durante um confronto na localidade conhecida como Beira Rio. Este é o sexto dia consecutivo de tiroteios na comunidade, que já provocaram as mortes de três pessoas, desde a última sexta-feira (12). De acordo com a plataforma Onde Tem Tiroteio (OTT-RJ), os tiros foram ouvidos por volta da 0h e o momento dos disparos foi compartilhado nas redes sociais. O policiamento segue intensificado na região na manhã de hoje.
Apesar da troca de tiros, a Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que as unidades escolares da região atendem normalmente nesta quinta-feira. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o Centro Municipal de Saúde Renato Rocco e a Clínica da Família Anthidio Dias da Silveira também mantêm o atendimento à população na manhã de hoje, apenas as atividades externas realizadas no território foram suspensas.
De acordo com a PM, uma equipe do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) realizava policiamento na comunidade, na noite de quarta-feira (17), quando foi atacada a tiros, mas não teria revidado. Após os disparos, os criminosos fugiram e não houve registro de prisões, apreensões ou feridos. Na tarde ontem, moradores já haviam relatado confronto nas localidades conhecidas como Beira Rio e Pontilhão e a presença de veículos blindados na região. 
O diretor executivo do Instituto Cria de Favela, Diego Aguiar, que é nascido e criado na comunidade, usou as redes sociais, nesta quarta-feira, para lamentar os confrontos. "O clima continua de terror aqui no Jacarezinho, muitos tiros, moradores voltando do trabalho e com medo de entrar na sua favela. Estamos seguindo para o 5º dia seguido de tiroteios, 5º dia com famílias presas em suas casas vivendo esse terror. Não aguentamos mais", desabafou. 
O Jacarezinho vive dias de tensão por conta dos constantes confrontos registrados desde a última sexta-feira (12), quando dois suspeitos morreram. Na ocasião, o BPChq tentou abordar um grupo que estava em um local conhecido por ser ponto de venda de drogas, quando foram atacados e houve troca de tiros, segundo a PM. Após os disparos, dois homens foram encontrados baleados e chegaram a ser socorridos para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, mas não resistiram. 
O fim do Dia das Mães das famílias do Jacarezinho, no último domingo (14), também foi marcado pela violência. Segundo relatos de moradores, os tiros começaram por volta das 21h e um veículo blindado da Polícia Militar foi visto circulando pela região. A corporação informou que não houve operação, mas que equipes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) faziam um patrulhamento nas proximidades do Largo da XV, quando foram atacados.
Já na noite de segunda-feira (15), um homem morreu após ser baleado durante um tiroteio nas imediações da Rua Quinze de Agosto. Ruan Campos da Silva, de 25 anos, conhecido como Girino, foi socorrido por moradores à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Manguinhos, mas não resistiu. A Polícia Militar informou que não foi acionada para a ocorrência e a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) instaurou inquérito para apurar o caso. Na tarde do mesmo dia, houve ainda uma confusão envolvendo policiais militares e moradores, durante a prisão de um suspeito, na Rua Padre Nelson. 
Por conta da violência na região, moradores realizaram um protesto, na terça-feira (16), na Avenida Dom Hélder Câmara, esquina com Avenida dos Democráticos, com faixas e gritos que pediam paz na comunidade. Os manifestantes acusaram os policiais militares de jogarem spray de pimenta contra eles, em becos e dentro de casas, mas a corporação negou os ataques. Na manhã do mesmo dia, também houve registro de tiroteio.
O Jacarezinho faz parte do programa Cidade Integrada, lançado no dia 22 de janeiro de 2022, com a promessa de investimentos em forças de segurança e programas sociais relacionados à educação, emprego e saúde.